03/08/2017

Bola Murcha

40 anos e muitas histórias entre amigos

Bola Murcha
40 anos e muitas histórias entre amigos
Fundado em 1976, na garagem de Jerson Zanchettin, o time do Clube Tiro e Caça (CTC) coleciona bons momentos entre uma quase segunda família
Diferente da maioria dos times criados para disputar o campeonato interno de minifutebol do Clube Tiro e Caça (CTC), o objetivo do Bola Murcha, durante 32 anos, nunca foi a conquista de títulos. De 1976 - ano de fundação do time - até 2015, o grupo participou dos confrontos pela primeira, segunda e terceira divisão.
Após algumas modificações no elenco, no ano passado, a equipe faturou o segundo título de campeão da segunda divisão, tendo o direito de jogar novamente a primeira divisão, visto que em 1998 obteve esta condição ao ter alcançado o título da segunda divisão em 1997.
Mas, a história do Bola Murcha começa a ser escrita muito antes disso. Segundo um dos fundadores do time, Jerson Zanchettin, o Zanca, o time foi criado, na garagem da sua casa, em 1976. "Até os 32 anos sempre se manteve a amizade acima de títulos, por isso que o grupo permaneceu unido por tantos anos."
Um dos integrantes do Bola, José Augusto Matte, explica que o princípio básico das partidas era a diversão de todos os integrantes do time, desta forma, tanto os bons atletas quantos os nem tão bons assim tinham a oportunidade de jogar. "Para nós o título sempre foi uma consequência."
Reunidos no CTC, os jogadores sempre fizeram questão de promover brincadeiras com os demais colegas de equipe. "Teve uma vez que fizemos cartazes para o goleiro Zé Isse, pois neste dia ele tomou o milésimo gol. Entramos em campo e fizemos uma homenagem a ele. Foi engraçado", recordam.
Zanca afirma que o grande responsável pelo sucesso e longevidade do Bola Murcha é o amigo Matte. "Ele que criou a identidade do time, que era sempre ter uma cor diferente nas camisas. Tivemos várias, uma mais linda que a outra."
Matte explica que a curiosidade rondava os associados e a expectativa era grande para saber qual seria a novidade lançada pelo Bola, que por muitos anos utilizou várias tonalidades de cor azul nos uniformes, com uma bolinha murcha no peito, aposentada nos anos 90.
"Acredito que tivemos ao longo desses anos, no mínimo, uns 28 modelos diferentes, com várias cores, o que sempre gerava apelidos curiosos, como: vaga-lume, sulvias, pirulito, pantera cor-de-rosa, entre tantos outros."
Um dos fardamentos mais marcantes, na opinião dos amigos, foi no ano de fundação. "No primeiro jogo, cada um usou uma camiseta branca e um calção preto e colamos os números com fita isolante, elas caíam e ríamos muito."
Neste dia, como era tradição, o time mais fraco enfrentava o time mais forte, que era o campeão do campeonato no ano anterior. Matte lembra que o adversário foi o Juventude - que tinha a base campeã do Lajeadense da década de 50 -, o time da época, que ganhava todas as partidas.
A possibilidade da zebra - o Bola vestia camisa branca e calção preto - no resultado parecia tão impossível que o repórter de jornal que estava fazendo a cobertura, no início, só tirou foto do Juventude, já prevendo uma goleada provavelmente.
Com gols marcados por Zanca, de cabeça e Neco Mantega, golaço do meio de campo, deu Bola 2 x 1 Juventude. "Restou ao fotógrafo reunir o nosso time para também nos registrar e na manchete ressaltaram que tinha dado zebra no confronto do clube (risos)."
Nos últimos anos
De acordo com um dos integrantes do Bola Murcha, Giancarlo Bervian, a renovação do time se deu por conta da falta de filhos homens, pois a maioria dos jogadores tiveram filhas mulheres. Foram poucos os filhos que vestiram a camiseta do time. "A chegada do sobrinho do Pridão, o Mateus Bublitz, mudou a cara da equipe e, aos poucos, montamos um grupo mais competitivo, sempre tentando manter a essência do Bola."
Bervian explica que Bublitz foi convidando os amigos para compor o elenco do Bola. "Assim demos a volta por cima e o time continuou por mais alguns anos." Após as mudanças, o time batalhou durante o campeonato de 2015 e acreditou que seria possível erguer a taça de campeão da segunda divisão do CTC.
"Optamos por não participar da primeira divisão por questões óbvias, pois é uma divisão com um nível elevado de futebol, que obriga alguns times a desmanchar suas equipes", garante.
Com isso, a maioria dos jogadores do Bola foram convidados por outras equipes e, atualmente, disputam o campeonato interno de minifutebol em várias divisões. "Foram 40 participações seguidas do Bola no campeonato." Conforme Bervian, em 2015, a velha e a nova geração do time esteve reunida em um almoço no CTC.
“Naquela oportunidade o Neco levou sua coleção de camisetas do Bola Murcha para que os novos integrantes entendessem um pouco daquilo que falávamos a respeito da essência do Bola.”
Assim como Zanca e Matte, Bervian, que sempre desempenhou a função de centroavante do time, também guarda com muito carinho algumas lembranças do Bola. Uma delas é a chegada do goleiro Everton. "Metade do jogo estava garantido com ele no gol, pois sempre fazia milagres."
Atualmente, os cinquentões do Bola se reúnem em campos particulares para bater uma bolinha e jogar conversa fora. "Mantemos até os dias de hoje o mesmo espírito de brincadeiras e diversão entre amigos”, concluem.
Baú do Bola Murcha
- O Bola foi criado pelos três amigos: Neco Mantega, Jerson Zanchettin e Flavinho Enger;
- Nunca existiu nada de oficial em torno do nome Bola Murcha, embora a marca registrada "R" sempre tenha acompanhado a denominação do elenco nos uniformes;
- Durante o Carnaval de Lajeado, na Escola de Samba Explode Coração, os vínculos se fortaleceram. A partir daí, o grupo passou a aprender a lutar por objetivos comuns e rapidamente entendeu que os amigos sempre viriam antes dos resultados;
- Em 1977, um monomotor (saudoso teco-teco), pilotado por Lino Träsel e tripulado pelo Zanca, despejou sobre o campo, onde o Bola iria jogar no CTC, uma chuva de papel picado com o nome do time impresso e recortado;
- Por muito anos, o Bola Murcha recebeu o troféu relativo ao prêmio de melhor disciplina do campeonato;
- O primeiro uniforme oficial do Bola Murcha foi adquirido graças ao amigo Kiko Weimer, a cor da camisa era azul;
- O Bola foi campeão em 1981 quando a disputa no CTC ainda era unificada. Em 1997 foi campeão da Segundona e em 2001 do master, além de alguns vices (representados alegramente por meias estrelas no uniforme);
- Em 2006, o Bola Murcha adotou a cor laranja flúor o que gerou o apelido de time da Sulvias. Houve a reedição estilizada do distintivo da fundação, com uma estrela no ano de 1976, o de nascimento, e de uma cruz no ano de 2006, visto que alguns integrantes manifestaram o desejo de se aposentar do time.
Texto: Carolina Gasparotto

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