03/08/2017

Paulinho Vettorello

Histórias que nem mesmo o tempo pode apagar

Histórias que nem mesmo o tempo pode apagar
O único arrependimento de Paulinho Vettorello, 54 anos, foi não ter seguido carreira profissional como treinador. No futebol amador, ele ostenta diversos títulos
Em poucos minutos, a mesa de trabalho de Paulinho Vettorello, 54 anos, se transforma em um mural de recordações. Com recortes de jornais e revistas, ele faz questão de contar cada linha da sua história como treinador do futebol amador de Lajeado e região. Em sua loja, ele guarda os troféus e quadros de todas as suas conquistas. Dentro de um arquivo, existem diversas filmagens de jogos que fizeram parte da sua rotina nos campos. Todos os materiais estão organizados e são armazenados com muito carinho.
Em 1985, Vettorello começou a construir a sua carreira vitoriosa. Convidado por Erno Dexheimer (já falecido), na época presidente do Esporte Clube Americano, ele treinou o time e já em seu primeiro clube faturou o título de campeão do municipal. “Jogamos contra o Cruzeiro, de Nova Santa Cruz.”
O treinador disputou dez municipais e seis finais do Campeonato Regional. Na década de 1990, treinou a SER São Cristóvão no Campeonato Regional, dos anos de 1994, 95 e 96. Em 1994, pegou o Rui Barbosa, de Arroio do Meio, na final, e foi vice-campeão. No ano seguinte, ele chegou ao primeiro título, de forma invicta, na decisão com o Olarias. Já em 96, a final foi com o Alto da Bronze, que se saiu melhor e deixou o troféu de vice-campeão ao time lajeadense.
Após, Vettorello passou a treinar os juniores do Clube Esportivo Lajeadense, onde permaneceu por quatro anos. A volta ao futebol amador ocorreu em 2000, quando ele assumiu o União Campestre e foi campeão do Regional em uma final emocionante com o Juventude, de Linha Arlindo. Em 2002, a decisão do Regional foi contra o Esperança, de Teutônia, em que novamente Vettorello faturou o título para o Campestre.
Em 2005, foi a vez de treinar, pela primeira vez, o União de Carneiros. Na oportunidade, Vettorello ficou campeão do Municipal encarando o União Campestre. “Depois disso, fiz uma pausa por conta do falecimento do meu pai e só retornei dez anos depois.” Mesmo assim, em 2013, recebeu o título de Amigo do Futebol Amador da Liga Lajeadense de Futebol Amador (Lilafa), que, na época, festejava os seus 45 anos.
Em 2015, Vettorello voltou a treinar o União Campestre e ficou com o 3º lugar no Campeonato Regional. Paralelo ao futebol amador, o desportista também possui títulos no minifutebol. No Clube Sete de Setembro contabiliza cinco troféus de campeão da Primeira Divisão, com o Cosmos; uma vez com o Só Bafo e duas vezes, na Segunda Divisão, com o Só Bafo. Além disso, tem no currículo títulos no futsal, categoria força livre, com os times Cosmos e Sucata.
Como tudo começou
Com apenas 2 anos de idade, Vettorello mudou-se para Canudos do Vale. Na época, seu pai havia comprado um pedaço de terra para a família plantar. “Morei em Canudos até os meus 17 anos. Quis sair da roça e vir morar em Lajeado.” O primeiro emprego foi no antigo Supermercado Dresch, em que atuou como empacotador e, mais tarde, como caixa. “Quando tinha 18 anos, voltei para a roça, pois tinha que ajudar a colher fumo. A colheita era boa.”
O pai de Vettorello tinha um time chamado Nova Esperança, de Linha Pinheirinho, e um campo nas terras da família, o que motivou, o hoje treinador de futebol amador, a gostar do mundo da bola. “Me inspirei nisso porque não tinha outra coisa. Meu pai jogava como zagueiro, e eu gostava de ser o assistente.” Em algumas oportunidades, o jovem desempenhava a função de goleiro.
De volta a Lajeado, ele conseguiu emprego no Arno Johann (Costaneira), onde trabalhou durante 18 anos e só saiu quando resolveu abrir a sua própria loja. Antes de encarar o papel de treinador, Vettorello arriscou-se como jogador em algumas partidas de salão.
Jogo dos famosos
Vettorello se enche de orgulho ao relembrar das partidas do Trianon, em que Lajeado recebeu um grupo de craques para disputar uma partida contra uma seleção regional, comandada por ele. Na oportunidade, estiveram no duelo, realizado no antigo Estádio do Florestal, os jogadores Ronaldinho Gaúcho, Assis, Dunga, Falcão, Valdir (Cruzeiro), entre outros. “Era um jogo beneficente em que a entrada foi toda revertida em prol da Apae.”
Em decorrência do seu bom desempenho, Vettorello despertou o interesse de times profissionais. Recebeu convite do amigo Dalton Menezes (já falecido) para treinar o Glória, de Vacaria, e, depois, de Abílio dos Reis, para comandar os juniores do Internacional. “A única coisa que me arrependo é de não ter dado sequência a esse trabalho no futebol profissional”, explica, ao relatar que chegou a treinar, durante um ano, o Estrela Futebol Clube, com registro de partidas contra a dupla Gre-Nal.
Na bagagem
Além dos títulos conquistados, Vettorello diz que, durante o trabalho como treinador, fez muitas amizades, o que o tornou bastante conhecido. “Nunca tive inimigo no futebol.” O desportista garante que aprendeu muitos valores dentro de campo, como, por exemplo, o respeito que deve se ter com todas as pessoas, independentemente do time em que esteja. “Cada comunidade que tu passa, se leva um aprendizado.”
Da mesma forma, o treinador diz que sempre foi respeitado por onde passou. “O treinador vive de resultados, mas receber o carinho das pessoas é gratificante.” Com passagem também pelo Gaúcho, de Teutônia; Esportivo, de Arroio do Meio; Encantado; Travesseiro e Roca Sales, Vettorello diz que daqui para a frente deseja estar mais próximo da esposa. “Quero viver e estar sempre bem comigo mesmo.”
Texto: Carolina Gasparotto

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