03/08/2017

Roque Heckler

O volante que todo time deseja

O volante que todo time deseja
Roque Sérgio Heckler, 33 anos, jogou futebol profissional até 2007. Problemas com lesões o aproximaram das competições amadoras
O menino que treinava de manhã e entregava cartas à tarde calçou as chuteiras e nunca mais conseguiu deixar a sua grande paixão: o futebol. Natural de Francisco Beltrão, no Paraná, Roque Sérgio Heckler, 33 anos, viveu boa parte da sua infância na cidade de Marmeleiro. Dos 7 aos 10 anos, morou no Maranhão com os pais, Iraci Dotti, 64 anos, e Auri Roque Heckler (já falecido). Mas, ao retornar, residiu no Paraná até os 16 anos.
Na adolescência, trabalhou como carteiro em Marmeleiro até que, em novembro de 1998, o seu tio Leonir Dotti fez o convite para o jovem fazer um teste em Caxias do Sul, no EC Juventude. “Peguei uma dispensa do meu trabalho nos Correios e encarei uma semana de testes.” Entre centenas de crianças, Roque estava entre as três escolhidas. “Em março de 1999, me apresentei e passei a treinar na equipe juvenil do Juventude.”
Durante um ano, o jovem atleta morou com o tio em Caxias do Sul; após, mudou-se para o alojamento do clube. “Estudava meio turno e, no outro, treinava. Os jogos eram sempre aos sábados.” Com uma rotina bastante agitada, Roque conseguia visitar a família uma vez ou, no máximo, duas vezes ao ano. “No campeonato estadual, ficamos entre os quatro melhores.”
No ano de 2000, ele se despediu da equipe juvenil e passou a treinar nos juniores do clube. “Na véspera da Taça São Paulo, fiz minha primeira cirurgia no joelho.” Durante um treino, em uma disputa de bola, o jogador caiu de mau jeito e rompeu o menisco. “Fiquei fora da Taça e um pouco frustrado, pois já estava dois anos no clube e bastante habituado.” Então, Roque viajou para o Paraná a fim de tratar de sua lesão. “Na reapresentação, em 2001, voltei em condições de treinamento.”
Com muita vontade de jogar, a estrela de Roque brilhou, e o time faturou o título inédito da categoria júnior do Juventude, em 2001. “Foi um ano de afirmação na categoria de base.” No segundo semestre, o atleta sentiu lesões musculares, mas nada que o impedisse de atuar. “Em 2002, foi o ano em que realmente me afirmei, não senti nenhuma lesão e me tornei capitão dos juniores.”
O time ficou vice-campeão gaúcho, com cinco vitórias e apenas uma derrota. Após, Roque participou da Taça São Paulo, no ano de 2003, encerrando a sua passagem pela equipe júnior em Barueri, onde teve boas atuações individuais, mas o grupo foi eliminado na primeira fase. No retorno para o Rio Grande do Sul, a equipe profissional do Juventude treinava na expectativa de subir. “Nesse momento, fui emprestado para o Lajeadense.”
A era do profissional
No Clube Esportivo Lajeadense Roque disputou a Segunda Divisão do Campeonato Gaúcho. “Chegamos até o octogonal final.” Ainda em 2003, o jogador conheceu na cidade a sua esposa, Daiana Conte, 32 anos, com quem tem duas filhas, Anna Victória, 12 anos, e Maria Luíza, 3 anos.
Com um bom ritmo de jogos, Roque retornou para o Juventude, já que tinha firmado um contrato de cinco anos com o clube. “Em 2004, fui emprestado para o Brasil de Farroupilha, onde fiquei por três meses jogando a Segundona.” De volta para casa, o atleta resolveu rescindir o contrato com o time de Caxias do Sul e, ainda em 2004, atuou na Segundona com o Concórdia de Santa Catarina.
Já em 2005, foi a vez de vestir a camisa do Sapiranga, também pela Segundona. “Nesse ano, fiz a minha segunda cirurgia, desta vez, rompi o ligamento.” Roque conta que renovou o contrato com o clube, conseguiu se recuperar e voltar aos campos antes do término da competição.
No ano seguinte, o atleta disputou a Série A do Gauchão, com a camisa do Santa Cruz, em que o time conseguiu ir até a semifinal. No segundo semestre, ele atuou em Fortaleza, onde competiu na na Segunda Divisão cearense. “Voltei para o Rio Grande do Sul antes de terminar o campeonato para jogar na Copa FGF, com o Lajeadense.”
Novamente com a camisa do Santa Cruz, em 2007, Roque disputou o Gauchão. “Como tinha ido bem no ano anterior, eu e mais dois do grupo de 2006 retornamos para compor o time.” Mas uma lesão muscular no posterior da coxa afastou o atleta de algumas partidas. “Eles aceleraram o meu retorno e consegui voltar faltando três rodadas para terminar o campeonato.”
Aos 25 anos, Roque decidiu abandonar o futebol profissional. “Apostei enquanto acreditava que poderia atuar em grandes times.” O jogador também explica que iniciou sua carreira em um time bastante estruturado, patrocinado, na época, pela Parmalat e que disputava a Série A do Brasileiro. “Não é só o futebol que conta, tem a questão política, do jogo de empresários e as lesões também, que acabaram me atrapalhando.”
Futebol amador
Após dar por encerrada a sua carreira no futebol profissional no ano de 2007, Roque voltou para o Paraná. “Comecei a trabalhar na loja Redentor Auto Center, e a Daia e a Anna foram morar comigo.” Nas horas vagas, como todo bom apaixonado, o atleta passou a atuar nos campos e nas quadras dos campeonatos amadores. “Sempre vinha para Lajeado passear e, em 2008, quando o União de Carneiros ficou sabendo que eu tinha desistido do profissional, recebi o convite do Mimi Weiler para jogar o Regional.”
O combinado era que Roque assinasse a ficha, mas atuasse somente quando estivesse em Lajeado. Mas, na prática, não foi bem assim. “Jogava no sábado o Regional, no Paraná, e no domingo vinha, de ônibus, para cá. E assim foi durante todo o semestre.” Todo o esforço do atleta foi recompensado, pois durante o campeonato de Lajeado, os amigos do União prometeram que trariam o volante para morar na cidade. E não deu outra, em março de 2009, Roque e sua família fixaram residência na terra do Carneiros.
Já em Lajeado, Roque começou a trabalhar como vendedor na Valecross. Tempo depois, foi para a recepção da oficina. “No final de 2011, recebi a proposta para trabalhar com o Sírio, onde atuo, até hoje, como vendedor na loja.” Antes disso, o atleta rompeu o ligamento do outro joelho, desta vez, o esquerdo. “Na época, estava fichado com o União, mas não joguei em função da lesão.”
No segundo semestre, a convite de Mimi Weiler, Roque disputou o Regional com o Canarinho de São Bento. “Consegui jogar a partir do terceiro jogo e chegamos às semifinais.” Em 2010, o jogador fez ficha com o Carneiros para o Municipal. “Foi quando o Sírio encabeçou a ideia da cirurgia e conseguiu o dinheiro necessário para a minha operação no joelho, feita com o Odon.”
Após a operação, Roque se aplicou para voltar o quanto antes aos campos e, após cinco meses e dez dias, retornou a tempo de disputar o Regional. Então, ficou vice-campeão com o Carneiros.
Após, vestiu a camisa de diversos clubes ao longo dos anos: Estudiantes de Conventos; Travesseirense, em que o atleta foi destaque do Regional Série B e o destaque da final da Supercopa; Cruzeiro do Sul; Canarinho de São Bento; Nacional de Forquetinha; Bomretirense; novamente União de Carneiros; Jardim do Cedro; São Cristóvão e União de Carneiros, desde o segundo semestre de 2015 até o momento. “Ficamos com o vice no Regional do ano passado e, este ano, estamos em busca do título no Municipal.”
Além dos campeonatos municipais e regionais, Roque sempre jogou futsal e minifutebol. Tem passagem pelo Atlanta, Cosmos, Só Bala, Tocafogo e Galera no Clube Tiro e Caça; e Renegados Futebol Clube, América, Galera, Viracopos e Polêmicos no Clube Sete de Setembro, além do Estudiantes, na Soges, durante um ano. “Já cheguei a jogar seis vezes por semana, mas agora diminuí e jogo só quatro vezes.”
Líder nato
Ao lado da esposa e das duas filhas, Roque diz ser muito feliz participando do futebol amador. “Parei de jogar profissional na hora certa e não me arrependo.” O volante garante que atuar em times de pouca expressão, ter que ficar correndo atrás dos salários em atraso, além de ficar longe da família realmente não compensa. “Os nossos sonhos ganham outra direção. Quando menino, queria jogar na Seleção Brasileira; hoje, desejo dar uma vida digna às minhas filhas e esposa.”
Roque diz não pensar em aposentadoria, pois pretende estar nos campos até o dia em que sua saúde permitir. No momento, ele se recupera de uma lesão, mas não vê a hora de voltar aos campeonatos. “O futebol é mais do que uma prática esportiva, pois além de ser uma paixão, a gente faz muitas amizades.” Com personalidade forte, o volante é conhecido pelo espírito de liderança e motivação, muito presentes durante as partidas. “Dentro de campo é vida ou morte.”
Antes das partidas, Roque diz que segue um ritual. “Sempre me preparo muito para os jogos, tanto física quanto psicologicamente. Faço uma leitura da partida antes de ela acontecer.” Acostumado a receber a braçadeira de capitão, o volante diz que normalmente é o que mais fala dentro e fora de campo. “Nasci com a liderança e procuro passar aos novos tudo o que aprendi. Servir como um espelho.”
Como ídolo, o atleta cita Bernardinho. “Admiro muito a conduta dele e a personalidade bem parecida com a minha.” Quando o assunto são bons jogadores, ele diz que gostava bastante do futebol apresentado por Romário, na Copa de 1994. “Ele era letal.”
Conquistas
Campeão regional 1998 - Copa Renault Grave - Marmeleiro-PR
Bicampeão municipal de Marmeleiro-PR, com o Vasco do Bairro Alvorada, em 2001 e em 2007
Campeão municipal pelo Harmonia São Brás, em 2008
Campeão gaúcho de júnior 2001, com o C.E. Juventude
Tricampeão do Cafusal com o Cosmos e uma vez com a equipe da Coorevat
Bicampeão Aberto da Languiru 2011 e 2012, com a equipe Schneider Construções e Imobiliária Líder
Vice-campeão regional 2010 com o União de Carneiros
Campeão municipal de Lajeado 2011 com o Estudiantes
Campeão regional 2011 Série B com o Travesseirense
Campeão da Supercopa 2011 com o Travesseirense
Campeão municipal de Cruzeiro 2012 com o Canarinho de São Bento
Campeão municipal de Bom Retiro do Sul 2013 com o Bomretirense
Campeão municipal de Lajeado 2015 com o São Cristóvão
Vice-campeão regional 2015 com o União de Carneiros
Campeão minifutebol CTC 2011 (Segunda Divisão) - equipe Cosmos
Campeão minifutebol CTC 2012 (Primeira Divisão) - equipe Só Bala
Campeão minifutebol CTC 2015 (Primeira Divisão) - equipe Galera
Campeão minifutebol Sete 2013 (Primeira Divisão) - equipe Viracopos
Tricampeão da Taça Cristo Rei de Futsal 2013, 2014, 2015 - equipe Rei da Carne
Campeão do Aberto de Marques de Souza 2015 - Equipe do Tiafirma
Campeão municipal do Varzeano em Francisco Beltrão 2008 - equipe Pinheiros
Tricampeão Torneio Verão Sete - duas vezes com a equipe do Galera e uma vez com a equipe do Viracopos
Tricampeão municipal de futsal Poço das Antas – 2011, 2012 e 2015
Hexacampeão Jogos do Sesc Futsal - 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014
Bicampeão Aberto de Futebol Sete Forquetinha
Campeão como treinador do Bola Murcha em 2015, na Segunda Divisão do CTC
Texto: Carolina Gasparotto

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