03/08/2017

Elton de Andrade

Para cada camisa, uma história a ser contada

Para cada camisa, uma história a ser contada
Há mais de 30 anos, Elton de Andrade, 55 anos, coleciona peças oficiais e não oficiais. Já são mais de 500 unidades guardadas com muito carinho
Uma das perguntas mais frequentes para o colecionador Elton de Andrade, 55 anos, é sobre o preço que ele cobra por suas camisas, e a resposta é taxativa: “Elas não estão à venda”. No início, a ideia do empresário e jornalista era trocar peças com amigos e conhecidos ou até mesmo presentear os mais próximos.
Com o salto no número de camisas adquiridas - há três anos eram cerca de 50 e, hoje, são mais de 500 -, Andrade passou a dar valor às histórias de cada exemplar conquistado. “Quando ganho alguma de presente, o doador sempre conta como conseguiu aquela camisa e, então, já rende uma boa história.”
De acordo com Andrade, durante suas viagens - seja sozinho ou na companhia da família - é possível conhecer outras culturas e trazer na bagagem camisas de times dos mais variados cantos do mundo. “Nesses passeios, acabo comprando algumas camisas, o que, na minha opinião, não deixa de ter uma história, pois sempre estão relacionadas a alguma situação vivenciada naquele determinado Estado ou país.”
Dentre essas vivências, Andrade recorda de um episódio durante uma viagem ao Rio de Janeiro. “Fiz uma amizade, comentei com ele que era gremista, trocamos endereços e combinamos que eu enviaria, via Sedex, uma camisa do Grêmio.” Ao retornar a Lajeado, o colecionador comprou uma camisa do Tricolor e cumpriu a sua parte. “Dias depois, recebi a dele, que era do Remo, de Belém do Pará.”
Andrade diz que isso é bastante comum e que nunca foi lesado, pois todos os contatos que faz, durante as viagens, acabam em bons negócios. “Não tiro nenhuma camisa da minha coleção. Quando há o interesse de ambas as partes, volto para Lajeado, compro a peça solicitada e faço o envio.”
Mas nem sempre a troca é na mesma moeda. “Há mais ou menos um ano, conheci um senhor que pediu jornais em troca de uma camisa do Barbarense.” Dias depois de enviar os exemplares, Andrade recebeu, em sua casa, a nova integrante da coleção. “E já rendeu mais uma boa história.”
Um cabide para cada história
Em um espaço reservado para guardar sua coleção, Andrade exibe cada peça em um cabide. Ao mostrar as camisas, ele faz questão de contar, de forma resumida, como cada uma chegou até sua casa. “Nem todas estão aqui, algumas levei para expor na Vitória Esportes e lá chamam a atenção dos nossos clientes”, explica o colecionador ao se referir à loja em que é sócio-proprietário.
Já são 212 camisas de times do Rio Grande do Sul, 187 de equipes do Brasil e 138 internacionais entre exemplares oficiais e não oficiais de futebol, futsal e basquete. “Não tem como ter somente oficiais. Estas estão em cerca de 200.”
Um fato curioso da coleção de Andrade é que ele faz questão de vestir praticamente todas as suas camisas. “Só não uso as mais antigas, por conta do tecido quente ou mais sensível.” Ele conta que é interessante quando coloca uma peça desconhecida dos moradores do Vale do Taquari. “Muitas pessoas nem sabem que existem alguns times, até porque tem algumas que são de futebol amador, outras de times de cidades do interior.”
O colecionador faz questão de frisar que tem um carinho especial por cada camisa, seja oficial ou não, seja de time grande conhecido ou não, seja mais antiga ou nova. “Em uma viagem para Bogotá, levei quatro camisas do Internacional e mais quatro do Grêmio, troquei com amigos e voltei com uma do Millionarios, Deportivo Cali e Seleção Colombiana.”
Amigo de muitos intercambistas, Andrade já viajou para vários lugares, e além de trocar experiências, trouxe diversas camisas na bagagem. “Tenho uma do time de Bucaramanga, da Colômbia, autografada, um presente da Ruana, uma intercambista com quem fiz amizade por intermédio da Beth, uma chilena que ficou hospedada em minha casa durante meio ano.”
Relíquias do Elton
Dentre as mais de 500 camisas, destacamos algumas ainda não citadas: Lajeadense, Alaf, Ponte Preta, Flamengo, Goiás, Santos, Atlético, São Paulo, Portuguesa, Botafogo, Figueirense, Paraná, Esporte Clube Bahia, Sport Clube Rio Grande (time de 1900), Colo-Colo do Chile, França, LDU, Seleção do Japão, Seleção de Honduras, Serro Porteño do Paraguai, Peñarol do Uruguai, entre outras.
Em meio a tantas raridades, Andrade diz que guarda com carinho uma camisa da Soreba, do Clube Tiro e Caça. “Quero saber a história desse time, assim como de outros que tenho, mas ainda não tive tempo de pesquisar e de conversar com pessoas que possam ajudar.”
Assim que o momento da aposentadoria chegar, o colecionador garante que irá reservar mais tempo para descobrir a origem de algumas camisas até hoje desconhecidas. “Acho bastante interessante saber o que motivou as pessoas a criarem determinada agremiação, como funcionava na época, quem integrava as equipes, enfim, saber a história do time.”
Texto: Carolina Gasparotto

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