04/08/2017

Cícero Caliari

Pai e filho em sintonia até no esporte

Pai e filho em sintonia até no esporte
Cícero Caliari, 41 anos, é um dos lajeadenses adeptos do golfe. Em casa, a prática esportiva também faz a alegria do filho Vicente, de 4 anos
Após um episódio frustrante na vida de Cícero Caliari, 41 anos, foi possível descobrir uma paixão no mundo do esporte: o golfe. No final do ano de 2009, o lajeadense participou de uma competição de tênis, durante cinco dias, na cidade de Santana do Livramento. Quem perdia, caía fora, pois se tratava de um torneio com eliminatória simples. “Perdi no primeiro dia para um menino de 11 anos”, recorda.
Por estar de carona, o jeito foi tentar ocupar o tempo livre. “Na sede desse torneio tinha um campo de golfe. Fui falar com um professor, realizei umas aulas e depois de 15 dias já havia comprado os equipamentos de golfe e abandonado os outros esportes.”
Realizado com a sua nova prática desportiva, Caliari resolveu tentar encontrar outros adeptos do golfe. “Alguns amigos ficaram sabendo que eu estava jogando e me falaram que em Lajeado havia outras duas pessoas que apreciavam o golfe.” Desde então, o grupo joga, todos os fins de semana, em Santa Cruz do Sul.
Desde 2015, os amigos também treinam em uma área particular de uma empresa que fornece grama na cidade de Cruzeiro do Sul. “Em Lajeado, criamos um grupo de praticantes. Contando todos que já foram para o campo jogar somos em 15, mas, na prática, mesmo estamos em seis.”
Além dos torneios internos no Santa Cruz Country Club (SCCC), Caliari joga o Tour Gaúcho. “São 13 etapas, em campos de diferentes cidades, em todo o Rio Grande do Sul. Já ganhei etapas e também internos”, afirma.
Caliari explica que quando uma pessoa começa a praticar golfe recebe um nível de jogo. Desta forma, conforme os seus resultados melhoram, o praticante baixa de categoria. “Atualmente, estou na segunda categoria mais baixa do golfe.”
Em 2015, o lajeadense foi campeão gaúcho na categoria 0 a 8,5 handicap index. “A primeira categoria é bastante difícil, pois o nível do golfe no RS é muito bom, o melhor do Brasil, contando, nada mais, nada menos, do que com quatro dos cincos melhores jogadores amadores do Brasil no momento.”
De pai para filho
O filho do jogador, Vicente Nietied Caliari, 4 anos, foi incentivado a brincar com tacos desde 1 ano e meio de idade. “Não forço nada, sinto que ele gosta muito de brincar de golfe, então, proporciono momentos para isso.”
Caliari diz que no golfe existem vários tipos de disputas, e uma delas é em equipe, em que envolve alguém que já joga há mais tempo com um iniciante. “Formei minha equipe, e um dos integrantes era o Vicente. Qual outro esporte um menino de 4 anos consegue jogar um torneio com o pai? O golfe proporciona isso.”
Golfe é um esporte individual, completo, mental e físico. “Para aqueles que acham que não cansa, é só pensar em caminhar durante quatro horas sem parar que vão mudar de opinião”, desabafa.
No golfe, segundo Caliari, se aprendem a seguir regras e a respeitar adversários, ensinamentos que devem ser usados no dia a dia. “É necessário tomar decisões corretas, e se você errar, saber lidar com esse erro.”
Esporte caro
Conforme Caliari, a região do Vale do Taquari tem potencial para ter um campo, a exemplo de cidades como Santana do Livramento, Rosário, Torres, Pelotas e Bagé. “Um município com campo de golfe se torna, com certeza, destino turístico de muitas pessoas.”
Na visão do lajeadense, o problema do golfe é o alto custo para a construção e manutenção de um campo. “Estamos começando uma longa caminhada em busca disso, precisamos divulgar o esporte e, quem sabe, ali na frente, conseguimos algo.”
Independentemente disso, os adeptos encaram vários desafios para a prática do esporte, tais como: conseguir tacos, local de treino, técnica da tacada, aprender etiqueta e regras que envolvem o desporto, a falta de um campo mais perto, tempo para praticar - um jogo demora mais ou menos quatro horas e meia. “A desistência na maioria das vezes se dá pela falta de paciência até conseguir executar tacadas para realizar um bom jogo.”
Mas, para Caliari, a palavra desistência é desconhecida, prova disso, é que o desportista já viajou de motocicleta, até Santa Cruz do Sul, com a bolsa dos materiais de golfe nas costas. “Quase morri, mas são coisas de um apaixonado pelo esporte.” Por outro lado, há também os momentos engraçados. “Uma vez comprei pela internet, sem saber, tacos de 1960. Na verdade, eles só serviam para colecionadores.”
Texto: Carolina Gasparotto
O golfe nos vales
Atmosfera perfeita para a prática do golfe
Santa Cruz Country Club tem o único campo de golfe de 18 buracos do interior do Rio Grande do Sul. Atletas locais são destaque nacional e internacional
Os golfistas encontram em Santa Cruz do Sul um dos locais mais completos para a prática da modalidade. O Santa Cruz Country Club conta com uma estrutura excelente para a disputa de competições, torneios e treinamento de atletas, que se destacam em competições de níveis nacional e internacional.
Fundado em 11 de setembro de 1959, por um grupo de santa-cruzenses, veranistas da praia de Torres, onde conheceram e se encantaram pelo golfe, o Santa Cruz Country Club é o único campo de golfe de 18 buracos do interior do Rio Grande do Sul. O campo, que começou com nove buracos, hoje ocupa uma área de cerca de 50 hectares no coração do chamado Cinturão Verde, no entorno da cidade, onde estão preservadas espécies da flora e da fauna características da porção sul da Mata Atlântica.
Fica localizado a poucos minutos do Centro e conta com uma sede social, inaugurada em 2004, que oferece uma vista maravilhosa da cidade e uma visão privilegiada do campo e dos greens dos buracos 9 e 18. Toda essa estrutura já rendeu à cidade a descoberta de atletas de destaque no cenário brasileiro e internacional, como Bruna Spengler e Rohan Boettcher, entre outros.
Olimpíada do Rio
Mas é outro nome local que está prestes a escrever mais um capítulo para a história do golfe nacional. Adilson da Silva, 44 anos, luta para se manter entre os melhores do ranking mundial e assegurar uma das vagas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, cuja definição ocorre até julho. Atualmente, ele disputa competições na Oceania.
Adilson da Silva começou a carreira como caddie (auxiliar dos golfistas para carregar os tacos) em Santa Cruz do Sul. Seu talento foi reconhecido por um jogador do Zimbábue, que o convidou para ir morar e treinar no campo de Harare, onde, na época, jogava Nick Price, então número 1 do mundo. Adilson disputou torneios amadores no Zimbábue, onde foi campeão nacional, em 1992.
Em 1994, Adilson começou a carreira profissional jogando no Zimbabwean PGA Tour, onde venceu mais de 30 torneios, de 1996 a 2003, e foi cinco vezes o número 1 do ranking local. Em 1997, o atleta passou o competir também no Sunshine Tour, circuito muito mais forte e que integra o Ranking Mundial de Golfe. O profissional gaúcho venceu seu primeiro torneio na África do Sul em 1997 e, desde então, conquistou mais 11 títulos, oito deles de 2009 a 2013. Ele detém, até hoje, o recorde de 43 torneios consecutivos no circuito passando o corte (classificando-se para as rodadas finais).
Em confirmada sua vaga, os Jogos do Rio não serão a estreia de Adilson com a camisa brasileira. Ele já representou o país na estreia do golfe nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em julho de 2015; duas vezes na World Cup, na China, em 2011; e na Austrália, em 2013. Na primeira, quando a competição ainda era exclusiva de duplas, a equipe do Brasil teve Adilson e o paulista Lucas Lee, que, a partir deste ano, joga no Web.com Tour, o circuito de acesso ao PGA Tour, e recentemente passou a ser mais um brasileiro no Ranking Olímpico masculino. Em 2013, a World Cup tornou-se uma competição individual e por equipes, mas Adilson foi o único representante do Brasil, num sistema de convocação quase idêntico ao que será usado para o Rio 2016.
Entre os feitos de Adilson está ter conseguido classificar-se três vezes para o British Open, um dos quatro torneios do Grand Slam do golfe mundial, em 2000, 2007 e 2012. Nessa última oportunidade, ele tornou-se o sexto brasileiro em toda a história do golfe a chegar às finais de um major (nome pelo qual são conhecidos os torneios do Grand Slam do golfe). Nos últimos 30 anos, esse feito só foi conseguido por dois brasileiros: Adilson e Alexandre Rocha, no US Open de 2012. Em 2013, o santa-cruzense foi homenageado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) como o “Melhor Atleta” de seu esporte.
Fonte texto: Jacson Miguel Stülp/CaseMarketing

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