04/08/2017

Sírio Pereira Duarte

No campo ou na arquibancada, só não pode faltar futebol

No campo ou na arquibancada, só não pode faltar futebol
Sírio Pereira Duarte, 53 anos, respira futebol. Das peladas no tempo de moleque, ele se tornou respeitado pela disciplina que impõe quando encara o papel de treinador
No campo, ele é polêmico, grita, xinga, tira o boné, joga no chão e mostra por que chega às finais com certa facilidade. No trabalho, é centrado, prima pelo correto e exige responsabilidade dos funcionários. Já em casa é um apaixonado pela família, fala com carinho da esposa Meri, do filho André e nunca esquece de suas raízes e do aprendizado da mãe, dona Ovelina. Para quem ainda não o conhece, ele diz “muito prazer, Sírio Pereira Duarte”.
Apaixonado pelo futebol desde criança, foi em Travesseiro, sua terra natal, que Sírio teve a primeira experiência com a bola. Aluno da Escola Estadual Monsenhor Seger, as primeiras partidas foram jogadas nas aulas de Educação Física. Tempos depois, foi a vez de encarar uma vaga no Travesseirense. Como todo bom centroavante, logo o jogador revelou-se goleador.
Com 16 anos, mudou-se, com a família, para Lajeado. Por algum tempo, defendeu a camisa do Travesseirense, de Travesseiro, mas, aos poucos, foi deixando a sua marca em diversos times da região do Vale do Taquari. Atuou no Rui Barbosa e no Sete, de São Caetano, ambos de Arroio do Meio; no Brasil, de Marques de Souza; Americano, de Lajeado; Minuano, de Canudos do Vale; Cecília e União de Linha Herval, ambos de Venâncio Aires; Aimoré, de Estrela; Aecosajo, de Bom Retiro do Sul; Passo Fundo e Cruzeiro, ambos de Cruzeiro do Sul; Turis Futebol Clube, de Forquetinha; e Esporte Clube Cairu, de Travesseiro (na época, pertencia a Arroio do Meio).
Durante a sua trajetória como jogador de futebol, Sírio foi campeão com o Esporte Clube Cairu, de Arroio do Meio - no qual também foi goleador do campeonato -; com o Americano, de Lajeado; e Cecília, de Venâncio Aires, todos no Campeonato Municipal de 1984.
Também foi vice-campeão do Regional, com o Rui Barbosa; bicampeão regional, com o Travesseirense; e campeão da Copa Integração, com o Minuano, de Canudos do Vale. “Joguei até os meus 36 anos.” Com 29, Sírio fez a sua primeira cirurgia no joelho esquerdo. “No total, foram três cirurgias, mas até hoje ele (joelho) não está bom.”
Em 1998, o jogador vestiu a camisa do Travesseirense e disputou o seu último título. Para fechar em grande estilo a sua carreira como centroavante, ele faturou o campeonato municipal daquele ano. “Mesmo com os problemas no joelho, nunca me afastei do futebol.”
De goleador a professor
Foi no ano de 1999 que Sírio começou a escrever a sua história à beira do gramado. Como auxiliar técnico de Paulinho Vettorello, a dupla atuou no Olarias, em Lajeado. Já em 2001, foi o momento da sua grande estreia como treinador. Com a camisa do Juventude, de Conventos, ele teve como auxiliar técnico, Rubem Schmidt.
Por ironia do destino, o título de campeão do Municipal de Lajeado foi carimbado em cima do time do ex-companheiro de trabalho, Vettorello, que tinha, na ocasião, Pércio Klaus como auxiliar técnico. “Comecei a mil.” Ainda em 2001, Sírio treinou o Juventude de Conventos, em que foi campeão regional da Série D, em cima do Nacional de Forquetinha. “Lembro que também fui campeão regional da Série B, com o Arroio Alegrense, de Forquetinha, mas não me recordo o ano.”
Em 2002, foi a vez de comandar, pela primeira vez, o União de Carneiros, de Lajeado. Na época, Sírio nem imaginava que faria história no clube e que a agremiação ocuparia um lugar especial em seu coração. “Neste ano, ficamos com o título do Municipal em cima do São Cristóvão.” A vitória com a camisa nas cores amarela e preta também ocorreu em 2007 e 2010. “No Carneiros, fiz grandes amizades; não há lugar igual.”
No ano de 2003, Sírio foi vice-campeão com o Carneiros. Na oportunidade, perdeu o título para o Campestre, comandado por Orfeu Fauri. No ano seguinte, foi a vez de treinar o Cruzeiro do Sul, em que o time foi desclassificado na semifinal. Mas, em 2005, o técnico voltou a sorrir, pois faturou o título de campeão municipal com o Canarinho, do município de Cruzeiro do Sul.
Já em 2006, o Juventude de Conventos voltou a contratar Sírio. “Disputamos o Campeonato Regional, mas caímos nas quartas.” Em 2007, além do Municipal, o treinador faturou o Regional. “Fomos campeões de forma invicta, tendo apenas dois empates.” Um ano depois, Sírio foi vice-campeão no Municipal em Santa Clara e vice no Regional, com a camisa do São Cristóvão.
Pausa para pegar fôlego
Durante anos, Sírio trabalhou incansavelmente em prol do futebol amador do Vale do Taquari, mas, em 2009, sentiu que era preciso fazer uma pausa. “Pensei: vou me reciclar.” Doze meses depois, lá estava ele, de volta à ativa. O retorno, em 2010, foi em grande estilo, pois além de ser campeão do Municipal, o treinador foi vice do Regional com o União de Carneiros, em que perdeu a final para o União Santo André.
Em 2011, foi a vez de voltar às origens. Com a camisa do Travesseirense, Sírio faturou a Supercopa e, de forma invicta, o Regional, Série B. Um ano depois, treinou o Nacional de Forquetinha, mas foi eliminado nas quartas de final. “Em 2013, ficamos campeões, no Regional, com os aspirantes do Carneiros.” Ainda com a camisa do União de Carneiros, Sírio foi campeão regional, em 2014, e vice-campeão regional em 2015.
Em meio ao comprometimento com o futebol amador, Sírio sempre manteve um trabalho no minifutebol do Clube Tiro e Caça (CTC) e Sete de Setembro. No primeiro, foi vice-campeão com o Fora D’Sério, em 2004; em 2010, vice-campeão com o Atlanta; e com o Cosmos, ficou em 1º lugar duas vezes na Segunda Divisão, uma vez na Terceira e outra na Quarta Divisão. Também foi bicampeão na Copa Integração CTC/Sete, cinco vezes campeão no Veterano e quatro no Master. Já no Sete, ostenta 21 títulos entre a época em que foi jogador e, depois, treinador. “Entre salão, minifutebol e beach soccer.”
Desde 2013, Sírio não treina no Sete de Setembro. Sua última aparição foi com a camisa do Viracopos. No CTC, às vezes, ele aparece em caso de suspensão ou como uma arma-surpresa em jogos decisivos. Mesmo assim, quando não está a trabalho, está na arquibancada assistindo às partidas em ambos os clubes. Fora isso, gosta de jogar bocha nas quintas-feiras e aos sábados e também assistir a jogos de futebol pela televisão. “Os sábados à tarde tirei para mim; já nos domingos, treino o União de Carneiros.”
Dentro de campo, o técnico diz que o segredo do sucesso é conquistar o respeito dos jogadores. “É preciso fazer com que eles gostem da gente.” Durante todos esses anos, Sírio diz que fez inúmeras amizades e que o futebol contribuiu para sua vida profissional, dando visibilidade para a sua loja - Sírio Automóveis -, que está no mercado desde 2003. “Todos os dias, quando acordo, faço questão de agradecer por tudo o que conquistei.”
Sobre o futuro, ele diz que pretende continuar empenhado no trabalho, sempre pensando em ajudar a sua família e seus funcionários. “Meu sonho é continuar exatamente como estou, com saúde e paz. Mais adiante, pretendo criar coelhos, uma paixão antiga.”
Texto: Carolina Gasparotto

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