04/08/2017

Ana Paula Guth

O bloqueio que coleciona títulos

O bloqueio que coleciona títulos
Há uma década, a lajeadense Ana Paula Guth, 23 anos, apostou no voleibol. Depois dos quatro primeiros anos desse período, deu início à sua carreira profissional como meio de rede
Sombra e água fresca. Após mais um período intenso de treinos, a jogadora de voleibol Ana Paula Guth, 23 anos, descansa na casa da família, em Lajeado, e começa os preparativos para a próxima temporada, que deve ter início no mês de junho. Desde 2014, a atleta atuava no Bauru, mas em fevereiro se despediu do grupo. Até então, seu futuro é incerto, pois times e possibilidades são estudados, com calma, pela jovem.
Antes de ingressar no voleibol, Ana mostrou suas habilidades em outros esportes. “Sempre tive um colegial bem ativo. Participei de todas as modalidades. Desde o atletismo até o handebol.” Mas, em nenhuma delas, a atleta se sentiu tão à vontade. “Na verdade, tudo aconteceu muito rápido, sempre amei esportes, mas era tudo lúdico. Meu irmão jogava voleibol, aí, consequentemente, me interessei.”
Em 2006, a lajeadense vestiu a camisa do Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat) e, em pouco tempo, viu seu nome em destaque. “Ganhei incentivo de algumas gurias que jogavam comigo na época e o dos técnicos também.” Além disso, a família de Ana sempre esteve ao seu lado, fator importante para que a jovem deixasse tudo para ir busca dos seus sonhos.
Em 2010, a jovem viajou para São Paulo, onde atuou no ADC Bradesco; mais tarde, em 2012, foi para Araraquara; e em 2014, para o Bauru, time onde encerrou a última temporada. “Já venci muito e perdi muito também. Todo jogo é um aprendizado.”
Entre os principais títulos, a atleta destaca o Sul-Americano; o Campeonato Brasileiro; a Copa RS; o Estadual Sub-21, em São Paulo; os títulos de campeã da Primeira Divisão Adulto, dos Jogos Universitários e da Superliga B. “Ter um bom desempenho é gratificante. Um atleta de alto rendimento vive pra isso. Trabalha fisicamente, psicologicamente e emocionalmente, todos os dias.”
Esforço diário
Ana explica que um atleta abdica de muita coisa que muita gente não fazem ideia. “Ainda assim, mesmo tendo desempenhado um bom papel, eu me cobro muito, pois acredito que sempre temos o que melhorar.”
Prova disso é que, durante a temporada, a atleta treina dois períodos com bola e um na academia. “Normalmente de manhã realizamos o treino técnico com o grupo separado e depois academia. À tarde, temos o coletivo, em que junta o grupo todo e trabalhamos o tático.”
A jogadora também estuda durante a temporada, então, das 19h às 23h, o tempo é dedicado à faculdade. “Sou disciplinada e exigente. Gosto do certo.” Com foco total, Ana diz que seu sonho sempre foi fazer o que gosta, que é jogar voleibol, e ser bem-sucedida nisso. “Também desejo que haja um investimento maior no esporte que não seja só o futebol, aqui no Sul.”
As dificuldades
Ana diz que para se formar, no Brasil, um atleta precisa de muito empenho e dedicação. “Eu, por exemplo, tive que sair de casa, ir para a grande vitrine que é São Paulo, para conseguir um time legal e que me desse visibilidade.” A jogadora explica que no Sul não existe um time de alto rendimento que dê continuidade ao trabalho com as atletas de base. “Para perdurar, é preciso sair do Estado.”
Na visão da lajeadense, a crise é geral. “Uns tempos atrás não afetava nós, atletas. Agora, é bem diferente.” Ela diz que os projetos que existiam perderam força, pois os técnicos e quem realmente acredita em um futuro para o voleibol, no Rio Grande do Sul, são minoria e não conseguem apoio por muito tempo.
“Aí tem a parte administrativa e de gestão, que passa por um mau momento com as descobertas dos rolos da CBV (Confederação Brasileira de Voleibol).” A atleta conclui que por conta de todos esses fatores, além das dificuldades diárias com lesões, dores, entre outros, ficou ainda mais difícil conseguir o apoio dos patrocinadores envolvidos.
A base de tudo
A jogadora diz que sempre foi apegada à família, por isso, quando não conseguia voltar com frequência, os pais fizeram questão de ir ao seu encontro. “Normalmente, fico pouco tempo aqui, dois ou três dias no máximo. Mas, desta vez, vou poder ficar mais, sair com os meus amigos, tomar um ‘chima’.”
Fã de Jesus Cristo, Ana diz que tudo o que já viveu até agora leva como aprendizado para a sua vida pessoal e profissional. “Hoje, sou uma pessoa extremamente responsável, disciplinada e dedicada às coisas que faço. Aprendi a dar muito valor à família e aos verdadeiros amigos.”
Texto: Carolina Gasparotto

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