04/08/2017

Gilmar Teles, o “Giba”

Futsal nas veias desde os tempos de moleque

Futsal nas veias desde os tempos de moleque
Gilmar André Teles Souza, o “Giba”, 46 anos, construiu uma carreira sólida como técnico da Associação Lajeado de Futsal (Alaf). Antes disso, foi atleta da equipe
Bastaram alguns minutos de conversa para a testa franzida e o semblante concentrado darem lugar a um sorriso, expressão que esteve presente em boa parte da entrevista, sempre durante alguma recordação de uma carreira marcada por muitos momentos felizes, de extrema dedicação, comprometimento e foco nos resultados. Gilmar André Teles Souza, o “Giba”, 46 anos, conta que até arriscou participar de uma temporada no futebol, isso quando tinha 16 anos, mas não teve jeito. Bastava ter treino de futsal para o campo não contar com o seu talento.
Durante sua rápida passagem pelo futebol, ele foi vice-campeão gaúcho com o Novo Hamburgo. “Sempre gostei mais do futsal. Era convocado para as partidas, mas o campo sempre acabava ficando como segunda opção.” Entretanto, a história de Giba com o mundo da bola começou a ser escrita muito antes desse episódio.
Aos 8 anos, após pedir ao pai, o menino ingressou na Escolinha Barcelona, em Canoas, sua cidade natal. “Meu pai sempre foi um grande incentivador. Sou o mais novo dos filhos, com três irmãs. Acho que ele já estava quase desistindo de ter um menino quando eu nasci (risos).”
Na escolinha do Barcelona, Giba disputou, com a categoria de base, campeonatos estaduais de futsal. O mesmo ocorreu quando passou pelo Grêmio Niterói, Inter e Bolão Gaúcho. “Durante os anos em que joguei com a base foi mais por participação mesmo, mas, depois, com o adulto, foi possível ganhar alguns títulos.” Entre eles, alguns municipais com o Bolão Gaúcho, em Canoas.
Após o período de experiência nos times da região de Porto Alegre, Giba teve passagem por várias equipes de futsal, entre elas, Galera de Nova Prata, Enxuta de Caxias, Cruzeiro de Seberi, Santa Rosa, Ulbra de Canoas, Atlântico de Erechim, UCS Cortiana, ATF de Tapejara, Xaxim de Santa Catarina, Pato Branco do Paraná e Alaf, na qual sempre desempenhava a função de ala ou pivô. “Minha carreira como atleta no time adulto de futsal durou 22 anos.”
Com o Enxuta de Caxias do Sul, Giba foi bicampeão gaúcho nos anos de 1993 e 94; campeão do Circuito Nacional Taça Brasil, em 1993. Já com o Atlântico de Erechim, ele foi campeão da Superliga, da Copa Max Internacional e Liga Sul; e vice-campeão da Liga Nacional. “Quando voltei do Paraná, fui jogar na Alaf.”
O atleta técnico que virou o técnico
Em 2009, Giba chegou a Lajeado para estrear na Alaf. O convite partiu do Nena, o qual o conheceu durante a sua temporada no Galera. “Joguei duas temporadas na Alaf, nos anos de 2009 e 2010, quando encerrei minha carreira como atleta profissional.”
Um fato curioso contado pelo ex-jogador é que, em 2010, ele atuou como atleta e como técnico, durante o período em que Lacerda esteve afastado da equipe em decorrência de uma cirurgia. “Foi uma primeira experiência, mesmo que não de forma oficial, mas foi bacana.”
Como técnico, o primeiro trabalho de Giba foi desenvolvido no ADS de Sananduva, em 2011. “Fiquei apenas uma temporada por lá. Acabamos com a 5ª colocação no Estado, na disputa da Série Ouro do Gauchão.” Um bom resultado na opinião do dirigente, visto que a maioria do time era formada por atletas com idade de equipe juvenil.
A convite do diretor da Alaf, Alex Favaretto, Giba assinou um contrato de dois anos com a Alaf, para treinar a equipe nos anos de 2012 e 13. O desafio inicial, segundo o técnico, era equilibrar, principalmente, a questão financeira do time. “Paralelamente a isso, o foco era não ser rebaixado.” Naquele ano, o grupo conseguiu a 6ª colocação na Série Ouro do Gauchão.
Cinco anos como técnico da Alaf
Em seu primeiro ano como técnico, Giba diz que a maior dificuldade encontrada foi a de tirar os vícios, em quadra, de alguns atletas. “Alguns jogadores possuem resistências em quadra.” Mas, aos poucos, tudo foi se encaixando. “Sempre procurei fazer as coisas da melhor maneira possível, com os pés no chão.”
Giba diz que o apoio incondicional da direção da Alaf também sempre foi uma questão-chave para a conquista de bons resultados e crescimento do time nas partidas. “A direção contribui para que a Alaf desse um salto dentro do cenário gaúcho de futsal.”
Assim, em 2013, o grupo trabalhou com o objetivo de conquistar a Copa Lupicínio Rodrigues e fazer uma boa campanha no Campeonato Gaúcho, desejo que foi alcançado. “Foi uma experiência muito legal. Sentimento de trabalho realizado com sucesso, o que traz uma satisfação muito grande para qualquer técnico.”
Em 2014, a Alaf ficou bicampeã da Copa Lupicínio Rodrigues. “Conquistamos a Liga Sul e, assim, alcançamos a vaga para disputar a Superliga no ano seguinte.” O ano de 2015 foi de muitas alegrias para toda a equipe da Alaf. O time de Giba conquistou a 4ª colocação na Superliga, foi campeão da Copa dos Vales e semifinalista do Campeonato Gaúcho, assim como em 2014.
“Quando estreamos na Liga Nacional, éramos apontados como um dos times que não passariam da primeira fase.” Entretanto, o time de Lajeado conseguiu a 6ª colocação na classificação geral da primeira fase. “Brigamos até a última rodada para chegar à fase dos mata-matas.”
Giba afirma que, desde a sua chegada, é notável o crescimento da Alaf, e isso ocorre graças ao comprometimento de toda a diretoria, de jogadores e de todos que dedicam o seu tempo em busca de melhores resultados. “Entre os anos de 2014 e 2015, conseguimos aumentar o público de 300 para mil pessoas, e essa é uma das nossas maiores conquistas.” O técnico diz que bons resultados chamam público e dão sustentação para o seu trabalho. “É uma confirmação de que estou no caminho certo. Tudo que estou estudando e me aperfeiçoando está refletindo em quadra.”
O ano de 2016
Neste ano, o planejamento da Alaf foi um pouco diferente de 2015, segundo o técnico. “Tivemos que fazer uma folha mais enxuta, mas sem perder a qualidade.” Giba diz que quando ninguém esperava, o time conquistou a Taça Nacional, já no início de 2016. “A equipe, mais uma vez, é apontada como uma das que não irão se classificar.”
Giba alega que isso não afeta o seu trabalho. “É normal em razão do investimento de algumas equipes, pois algumas usam de R$ 3 a R$ 4 milhões para montar a sua equipe.” Assim, o técnico diz que o salário de dois ou três jogadores paga a folha salarial mensal da Alaf. “Isso nunca foi pré-requisito para resultados positivos ou negativos. Deve servir como combustível para os nossos atletas.”
No momento, a Alaf disputa a Liga Nacional e o Campeonato Gaúcho. Em decorrência da contratação de poucos atletas, às vezes, o técnico encontra dificuldades na escalação do time, visto que alguns atletas apresentam lesões e desgaste muito grande por causa da rotina intensa de jogos.
Sobre o seu futuro, Giba diz que é incerto, mas que procura viver o presente e focar no seu trabalho, que hoje é com a camisa da Alaf. “Tive vários convites em 2015, mas não é o lado financeiro que conta.” O técnico diz que se sente bem em Lajeado, mesmo estando longe da esposa Juliana e do filho André Vítor. “Aqui conquistei a confiança e o respeito de toda a diretoria e dos torcedores. Estou vivendo o sonho de treinar a Alaf.”
Por outro lado, Giba diz que ninguém é hipócrita de dizer que não tem o desejo de treinar um time de renome. “Meu filho me acompanha e sempre brinca que se um dia eu sair da Alaf será para treinar o Corinthians (risos).”
Mas, enquanto estiver por Lajeado, Giba pretende continuar focado no trabalho como técnico e também como professor de futsal no Colégio Cenecista João Batista de Mello, o “Mellinho”, onde ele atua, há cinco anos, todas as quartas e sextas-feiras.
Texto: Carolina Gasparotto

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