08/08/2017

Moisés Ely

A voz marcante do estratosférico Moisés Ely

Narrador
A voz marcante do estratosférico Moisés Ely
Ele usa poucos jargões em sua narração, mas ficou marcado por sua voz e pela palavra “estratosférico” usada em algumas partidas de futebol
Ele bate escanteio e faz gol se preciso. Esse é Moisés Ely, o dono da voz forte e marcante que chama a atenção pelos corredores da Rádio Independente de Lajeado e que divide seus dias nas funções de coordenador de esportes, repórter, apresentador, narrador e vendedor da rádio.
Ely é o responsável pelos principais projetos relacionados ao esporte da Rádio Independente. Ele participa de tudo que é desenvolvido em relação à cobertura, planejamento, venda e trabalho. Mas ele não se define como um coordenador, mas sim como um facilitador. “O trabalho do esporte, na rádio, está sendo desenvolvido há tanto tempo que já caminha sozinho.”
Seu dia profissional começa às 8h e vai até as 12h. Almoça e, à tarde, retorna para a rádio depois das 13h30min e fica até as 17h30min. Mas essa é a função em dias normais, sem transmissão de jogos, porque, quando há, tudo muda.
Os horários normalmente são estendidos até a madrugada, porque há o deslocamento até o estádio, de ida e volta. O narrador, assim como toda a equipe esportiva, trabalha muito em fins de semana e à noite. É nas horas em que a maioria das pessoas folga que eles entram em campo com seus microfones. Segundo Ely, o recorde de transmissões em uma semana foram 12, ou seja, quase duas por dia.
Como começou
Ely começou no Grupo Independente como locutor da FM, em 1999. Em 2004, entrou como repórter na AM e, em 2005, já começou a narrar futebol. “Meu início foi no futebol amador.” Ele conta que transmitia os jogos do Municipal de Lajeado, campeonato regional e alguma coisa do futsal, como a Alaf. Em 2006, começou a narrar jogos do Lajeadense e da dupla Gre-Nal.
Segundo o coordenador, o início do narrador quase sempre começa como repórter. “Isso dá uma base, uma certa bagagem e tranquilidade para começar a carreira.” Contudo, adianta que é bem complicada essa profissão, e, na sua visão, é a principal tarefa do rádio esportivo. “Por mais que hoje eu não consiga desempenhar a função de comentarista, narrar o jogo é mais difícil.”
Como narrador, a cada partida é uma vida diferente. Diz que há aquelas que não são de decisão, mas que mudam repentinamente e podem se tornar um grande jogo. “E é nesse momento que a gente entra com emoção para criar uma história diferente, mas real, com a bola rolando.”
Como ele se vê
Moisés Ely se vê como um personagem importante na rádio. Ele diz que o narrador precisa ter uma ligação direta com os ouvintes. “O pessoal que interage elogia e critica teu trabalho, e isso sempre é importante para o crescimento pessoal.” Ele afirma que uma das coisas mais importantes da profissão é passar para o ouvinte, de forma correta e verdadeira, o que está acontecendo no jogo. “O ouvinte não vê o jogo, então, precisa ser real o momento.”
O narrador
Ely afirma que o narrador precisa ser bom no improviso. Conta que, no começo da profissão, se faz uma relação com, em média, 60 palavras que serão usadas na partida, como: rola, toca, passa, cruza, corta, entre outras. Depois, aos poucos, o narrador grava e sai ao natural.
Considera os primeiros dois a três anos como os mais críticos da narração, porque o jornalista descobre um vocabulário completamente novo. “Pisa num campo que tu não tinha domínio.”
Os jargões
Moisés Ely é um narrador de poucos jargões durante a partida, mas, um deles, a palavra “estratosférico”, foi usado e pegou, ficando registrado como uma de suas marcas. Conta que, num jogo, usou o adjetivo para definir um grande gol. O ouvinte ligou e disse que essa palavra não existia, e em função disso ficou marcado. Agora, diz que quando se lembra, sempre usa a expressão e até tem cobranças de ouvintes querendo que ele repita mais.
Outro jargão que usa sempre é “e aí, tá ligado”. Esse é usado quando gira o tempo de placar.
Transmissão esportiva
De acordo com o coordenador de esportes, hoje, está cada vez mais difícil fazer uma transmissão esportiva e manter a audiência. Diz que há uma luta muito grande com as emissoras de TV. “Temos que levar algo a mais que a TV não leva, já que o rádio não traz imagens. Hoje, trabalhamos muito com o pré e pós-partida, que é algo que a TV ainda não mostra muito.” Diz que os programas do meio da semana também são muito importantes para criar um vínculo com o ouvinte, que seguirá na escuta no fim de semana.
Novos jornalistas esportivos
Ely diz que, atualmente, na rádio, há um aproveitamento de pessoas que fazem jornalismo e também esporte, além do quadro próprio. Ele acha que deveria existir mais profissionais interessados em fazer o rádio esportivo e o jornalismo. Apesar de que, nos últimos três anos, tem notado que os jovens estão de novo mais interessados em fazer esporte. “O rádio esportivo tem um quadro mais de veteranos, que logo ali na frente terá que se tornar mais jovem, justamente pela sucessão e para ter alguém para tocar daqui a alguns anos.”
Ele diz que só se torna narrador quem tiver o dom no sangue. Ressalta que é preciso desde jovem ouvir rádio e treinar. E lembra que, quando era estudante da Escola Estadual João de Deus, de Cruzeiro do Sul, treinava nos corredores, durante os intervalos, e sempre tinha os colegas como plateia. “A pessoa saberá em pouco tempo se vai ser narrador. É algo único, pra poucos. É preciso dom e oportunidade. Mas são anos de dedicação de treino que te põem no microfone de verdade.”
Fonte texto: Carine Krüger

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