08/08/2017

Galera/Móveis Zagonel

Uma galera fiel às conquistas e amizades

Nossos times do coração
Uma galera fiel às conquistas e amizades
Há duas décadas, um grupo de Lajeado formava uma equipe que fez e faz história nos gramados sociais, quadras de futsal e na convivência entre amigos
Uma galera, formada por amigos, a maioria deles colegas de escola e do Bairro São Cristóvão, queria jogar bola. Os encontros do futebol também se estendiam para reuniões festivas entre eles, reflexo da juventude. Pois a ideia de eternizar essas relações foi o primeiro “gol” de um projeto que virou realidade, solidificou amizades, garantiu felicidade, como também se tornou referência de conquistas. E já são muitas em duas décadas de jogos. A galera cresceu, parte pendurou as chuteiras, outra segue vestindo os muitos uniformes e novos se integraram ao grupo temporada após temporada. Criado em 1996, o Galera comemora, este ano, duas décadas de uma trajetória de sucesso pelas quadras, campos de areia e gramados, principalmente no minifutebol. Contabiliza dezenas de títulos e, hoje, reúne mais de 80 atletas, uma centena de familiares e fiéis torcedores.
O clube é um dos mais tradicionais do minifutebol de Lajeado e do Vale do Taquari. Sempre abasteceu várias equipes de futebol da cidade e região, tendo seu reconhecimento até em nível estadual. Já nasceu campeão, tanto que, em 1996, faturou o Cafusal e logo foi convidado para o minifutebol do Clube Sete de Setembro. Atualmente, em campo, são cinco equipes de minifutebol e uma de futsal com o seu nome e cores nas disputas dos internos do Clube Sete de Setembro (Primeira Divisão) e também Tiro e Caça (CTC - Primeira e Terceira), nas categorias força livre, além de veterano e master. Na torcida por estas, pessoas como Valdir Nave e Lari José Kunrad, que não perdem um único jogo do Galera no CTC.
Passado
Rodinei Fabrício Maciel (42), o “Boneco”, lembra como se fosse hoje quando da ocasião da fundação do clube. “Começamos com 16 integrantes. Muitos queriam jogar, e, se desse, no time do bairro, mas este não tinha mais espaço para todos. E, assim, alguns estavam sobrando. Atualmente, quando vejo o que o Galera alcançou e o que representa, o que faz, fez e conquistou, me orgulha muito”, diz ele ao lamentar a recente morte de Vitor Hugo Gerhardt, o “Kokynho”, outro dos fundadores, responsável, inclusive, por sugerir o nome da entidade. “Onde está a galera?; e aí galera?; como vai galera?”, exemplos de expressão com a então popular gíria, muito utilizada pela “galera” da época, que estimulou pela escolha do nome. Rodinei detalha que um dos diferenciais do Galera foi nunca se limitar aos jogos. “Participamos de blocos de Carnaval, Intercampings, disputas diversas e, claro, festas e eventos, particulares e outros. Chegamos a adquirir nossa sede própria em Estrela, a qual, depois, acabou sendo vendida, mas sempre se valorizou, também, a convivência social entre os atletas e seus familiares. E, por isso tudo, sempre conseguimos novos integrantes e pessoas interessadas em fazer parte dessa galera”, detalha.
Presente
Fernando Feil (47), ou “Lima”, o goleiro DJ do time, sabe bem o que representa a família Galera. “Somos muitos unidos. As amizades se estendem além das quatro linhas”, afirma ele, no time desde 2002. “No ano em que entrei, nós conquistamos o primeiro título no Sete de Setembro. Eram reforços como eu que faltavam para começarmos a ganhar”, brinca Feil, responsável sempre por contar algumas das histórias mais engraçadas do clube. E são muitas, algumas que nas rodas de conversa sempre são relembradas. “Tem a do nosso atleta que, em vez de passar o líquido, óleo, para aquecer, pegou por engano o protetor solar do colega e lambuzou toda a perna. Brincamos também com o fato de que, como uns estão ficando mais velhos, e carecas, está mais difícil identificar quem é quem dentro de campo.”
Lima, contudo, não esquece do passado para poder explicar a força da equipe no presente e aquilo que vai garantir o seu longo e também vitorioso futuro. “São famosos casos como os de ao menos dois títulos nossos que vieram quando faltavam menos de dez segundos para o fim dos jogos, quando ninguém mais acreditava neles, ambos sobre o Viracopos. É essa vontade de vencer, esses títulos assim conquistados, e outros que fazem a gente ser muito admirado como time, turma de amigos, e, por isso, ter sempre atletas projetando poder atuar com nossas camisetas, à espera de um convite, felizes e honrados quando isso ocorre”, avalia.
As conquistas citadas por Lima são também lembradas com orgulho por Everton Eckhardt (41). É outro que entrou para o clube em 2002, ano da primeira taça. Hoje treinador de uma das equipes, recupera-se das lesões nos dois joelhos para voltar aos campos com o time veterano do Galera. Mas se diz realizado como técnico. “Até porque, hoje, é um clube com muitas taças no armário, que tem jogadores que são disputados por times do futebol regional, ex-atletas profissionais e bons jovens valores. E por isso tudo e muito mais que a vontade dos outros em nos derrotar é grande, o que nos incentiva a seguir como uma referência”, afirma. “Mas para isso é preciso que sigamos com qualidade.” No entanto, conseguir tal objetivo não é tarefa fácil na avaliação de Eckhardt.
Um dos motivos é que o grupo busca sempre, além dos resultados, prestigiar o espírito de família que reina entre todos. No discurso, mostra muito entrosamento com o que outros integrantes relatam. “Nossas equipes valorizam a técnica, onde o belo drible somos nós que temos que dar; também a garra, onde a primeira bola tem que ser sempre nossa. Contudo, é preciso fazer isso tudo sem perdemos a harmonia entre quem está em campo, no banco de reserva ou mesmo na torcida”, ensina. E completa: “Não adianta o jogador só ter técnica se ele não se mostrar bem entrosado com o restante do grupo também fora do campo. Não basta ele ser muito aguerrido se não tiver bom relacionamento com o restante do elenco na hora da integração, de tomar a cerveja com a turma ou outros momentos, mesmo os mais difíceis. É uma filosofia que os mais antigos do grupo impuseram, trazem até hoje, e mesmo a renovação que ocorre não ameaça, pois mesmo os mais novos, que são escolhidos a dedo para estarem conosco, precisam entender e assim realizar”.
Futuro
Joel Zagonel (47) é hoje um dos gestores do Galera. “Cobro escanteio, cabeceio e faço gol pelo Galera”, brinca ele, há 15 anos no clube. “Mas não me arrependo de nada. Vale muito a pena o esforço. Mas o esforço é de muitos, e isso é importante frisar”, garante Zagonel, um dos responsáveis pela busca de patrocínios, fardamentos e outros detalhes que sempre são necessários para a longa vida de um clube amador. “E não é fácil isso numa era como hoje, quando são muitos campeonatos, times, e todos precisam de ajuda. O bom é que o Galera já tem seu reconhecimento e sempre deu bom retorno aos parceiros”, explica o atleta/diretor, ao destacar que a equipe seguia firme e muito bem na busca dos títulos dos internos de minifutebol do CTC e do Sete, sendo que, na temporada, já havia conquistado, também, os títulos de veteranos e master do Sete e a Copa Integração. Entre os patrocinadores e apoiadores atuais estão a Lajeadense Vidros, Método Ensino, Compasso Calçados, Fabi Compensados, Posto Fórmula 1 e Roque Tratores.
De acordo com Zagonel, a ideia geral é, mesmo valorizando os tradicionais integrantes, sempre fortalecer a nova base do Galera, para que se chegue às três décadas de história com ainda mais motivos para se comemorar e gente para felicitar. “É que quanto mais pensamos em parar, mas times aparecem para nós organizarmos”, relata. Contudo, se descarta de momento investir com o nome do clube em participações, por exemplo, nos campos amadores do futebol. “Pensamos gol a gol e, agora, queremos é repetir nossas conquistas no Sete, onde temos mais tradição, e no CTC, onde somos os atuais campeões.” Quanto à categoria sênior, aconselha, aos risos: “Calma, ainda não chegamos lá”.
Fonte texto: Rodrigo Angeli

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