08/08/2017

Rafinha Rizzi

De férias em Lajeado, Rafinha projeta disputar o Mundial de Futsal com a Seleção Italiana

De férias em Lajeado, Rafinha projeta disputar o Mundial de Futsal com a Seleção Italiana
Com 12 gols no Campeonato Italiano, o título da Winter Cup, o ala lajeadense Rafinha Rizzi, 23 anos, teve o contrato renovado com o Real Rieti
A estrela de Rafael Rizzi, 23 anos, o “Rafinha”, não para de brilhar. Quando chegou à Itália, em outubro de 2015, nem no seu pensamento mais otimista imaginou receber tanto carinho dos torcedores em um curto espaço de tempo. Na bagagem, 12 gols no Campeonato Italiano, no qual, o seu time, Real Rieti, ficou com o troféu de vice, após derrota nos pênaltis, o título da Winter Cup e a notícia de renovação do contrato por mais um ano.
A boa campanha é fruto de muito esforço por parte do atleta, que deixou sua família e a comodidade que tinha no Brasil para encarar o sonho de ser reconhecido pelas habilidades que tem com a bola desde os tempos de moleque. Rafinha está em Lajeado e permanece até 20 de agosto, data em que retorna para a Itália. “Cheguei aqui no dia 15 de junho, minha família foi me buscar no aeroporto, e meu único pedido foi para que a minha mãe não fizesse massa ou pizza (risos).”
Rafinha diz que a adaptação na Itália foi bastante difícil, e a saudade da mãe, Maria Estela Rizzi, parecia não ter fim. “Sempre fui muito apegado a ela. E só poder conversar pelo Skype ou WhatsApp foi bem complicado.” O jogador recorda que, datas comemorativas, como o Natal, Ano-Novo e o seu aniversário, foram verdadeiras provas de resistência.
“Procurei me entreter. Lia livros, jogava videogame, assistia a filmes e frequentava a missa todos os domingos, com os meus colegas brasileiros.” Já nas folgas, Rafinha aproveitou o tempo para fazer turismo. “Fui para vários lugares, como, por exemplo, o Coliseu, o Vaticano e Londres.”
Mas, como jogador, Rafinha prioriza os deveres, prova disso é que leva a rotina da profissão a sério. “Treinamos em dois turnos, todos os dias. Pela manhã, às 10h, e à tarde, às 18h, sendo que temos apenas um jogo por semana, que é no sábado.” O atleta explica que o comércio fecha às 20h e, muitas vezes, ainda sobra tempo para comprar alguma coisa que esteja faltando na casa que ele divide com um colega brasileiro. “Sempre conseguimos nos organizar com tudo.”
Taça Uefa de Futsal
Rafinha comemora a boa fase do Real Rieti. De time que nunca havia sido campeão, agora tem a oportunidade de disputar a Taça Uefa de Futsal. “Vínhamos em um crescendo no Campeonato Italiano, chegamos a ser líderes até as últimas etapas.” O atleta conta que na semifinal fez um golaço e, nesse momento, passou a ganhar a confiança dos torcedores. “Senti que eles começaram a gostar de mim.”
No segundo jogo, Rafinha voltou a balançar a rede em duas oportunidades, e, com uma vitória para cada lado, ocorreu o terceiro confronto entre as equipes. O Real Rieti garantiu a vaga para a final do Campeonato Italiano, mas perdeu o título nos pênaltis. “Vejo o saldo de forma muita positiva, pois consegui fazer 12 gols em uma fase. Quando cheguei, estávamos em 7º lugar, e conseguimos o troféu de vice.”
Com o contrato renovado por mais um ano, Rafinha promete dar o seu melhor em todos os duelos e avalia que os próximos anos serão de muito trabalho e foco no objetivo. “Quero disputar o Mundial com a Seleção Italiana daqui a quatro anos.”
Admirador de Neymar, por ser um jogador jovem e responsável, Rafinha diz que tudo acontece na hora certa. “Com ele tudo aconteceu de forma rápida e, mesmo assim, nunca se perdeu, sempre se dedicou, por isso, ele está onde está.” O atleta diz que caiu muito para aprender, e ter referências positivas no mundo da bola faz com que, mesmo nos momentos mais difíceis, desistir não seja o melhor caminho. “Estou sempre procurando evoluir.”
Baú do Rafinha
Natural de Lajeado, Rafinha ganhou o seu apelido ainda na infância, e o motivo é meio óbvio. “Na rua onde eu morava, tinha quatro meninos com o nome Rafael, e eu era o menor deles, então, logo pegou (risos).” O jogador recorda que as “peladas” ocorriam na Praça João Zart Sobrinho (conhecida como “Praça do Papai Noel”), no Bairro Americano, e os times não gostavam muito da ideia de ter o menino nas partidas. “Eles eram maiores e nunca queriam que eu jogasse junto.”
Mesmo assim, Rafinha conta que fugia de casa - ele morava com a mãe e a avó - para jogar e faltava à aula para poder brincar com a bola. Ao perceber o fascínio do filho pelo futebol, a mãe resolveu inscrevê-lo na escolinha do Jura Pretto. “Foram dois anos de amistosos e jogos de integração”, recorda.
Após, a convite do pai de um amigo e colega de aula, Rafinha ingressou na Escolinha do Clube Esportivo Sete de Setembro. “Ele foi falar com a minha mãe, e eu comecei a jogar com o Nico Dall’agnol. Como não tinha categoria 1993, fui jogar com os maiores na categoria 92.” Nesse meio-tempo, o atleta conta que o amigo Rodrigo Ely (hoje no Milan) jogava futsal em Passo Fundo. “Um dia, me viram jogar e surgiu o convite para ir com ele.”
Aos 10 anos, Rafinha participou de torneios com a camisa do Juventude, mas como não tinha alojamento, o menino treinava nas sextas-feiras para jogar nos fins de semana, depois retornava para casa. “Perdemos a semifinal para o Grêmio e surgiu o convite para vestir a camisa do Tricolor.”
Dos 11 aos 16 anos, o jogador vestiu a camisa do Grêmio e atuou, nos primeiros anos, na equipe sub-12. Foi campeão brasileiro, mundial e artilheiro do Encontro de Futebol Infantil Pan-Americano (Efipan). Dos 15 aos 16 anos, o menino integrou a equipe infantil/juvenil. “Quando recebi a proposta do Internacional, deixei o Grêmio.” Foram dois anos de contrato com o time colorado. “Conquistamos o Gaúcho e o Brasileiro e tive boas atuações no time juvenil.” Quando acabou o contrato, não houve renovação.
Com a camisa da Alaf
Como alguns amigos estavam na equipe sub-17 da Associação Lajeado de Futsal (Alaf), Rafinha passou a jogar amistosos no time e, aos 17 anos, foi para a equipe principal. “Durante esse período, recebi uma proposta do Paraná e como não estava sendo aproveitado na Alaf, resolvi jogar lá.”
Com a camisa do Paraná Clube, o atleta encarou os gramados na equipe sub-18 durante um ano. Em decorrência do atraso de salários e reformulação geral na base do time, o lajeadense resolveu retornar para casa. “Voltei nas férias e recebi o convite do Alex para jogar a semifinal do Campeonato Gaúcho, pois meu nome ainda estava relacionado.”
Sem pensar duas vezes, Rafinha não deixou o seu time do coração na mão e foi recompensado por isso. Aos 19 anos, o atleta recebeu uma proposta e assinou contrato com o time lajeadense por quatro anos. Ajudou a equipe a faturar o Campeonato Gaúcho, duas Copas Lupicínio Rodrigues, Copa dos Vales e Liga Sul. “Recebi a proposta do Real Rieti quando estava na Alaf, então, senti que era o momento de sair da minha zona de conforto.”
Do Brasil para a Itália
Após a confirmação de mudança para a Itália, Rafinha teve que organizar toda a documentação necessária para dar um “até logo” aos amigos e familiares. “Fui embora em outubro de 2015. Era uma aposta, não conhecia ninguém e sabia que teria muitas dificuldades no início.”
Os obstáculos com o idioma, Rafinha foi driblando com o auxílio dos colegas de time brasileiros, que foram fundamentais em todo o processo de adaptação do atleta. “Eles me acompanhavam em tudo e, aos poucos, fui aprendendo o básico.”
O atleta diz que lidar com a saudade da família e as adaptações em razão da nova cultura fizeram com que surgisse um novo Rafinha. “Amadureci bastante. Se tivesse a cabeça que tenho hoje, na época em que tive várias oportunidades, com certeza teria ido mais longe.”
Por outro lado, o jovem diz não ter nenhum arrependimento, pois todo o esforço valeu a pena. Ele se tornou um atleta disciplinado, responsável, que nunca chega atrasado. “Mudei meus hábitos; em dez meses fui a três festas. Estou focado no meu objetivo.”
Rafinha diz estar bastante satisfeito no time em que atua, mas afirma que jamais esquecerá dos amigos que foram peças fundamentais na caminhada até a Itália. “Gostaria de agradecer a Jura Pretto, a Nico Dall’agnol, à Alaf, ao treinador Giba, a meus avós, a Estor e a Irene Rizzi, além, é claro, à minha mãe. Todas essas pessoas foram muito importantes para o meu crescimento pessoal e profissional.”
Texto: Carolina Gasparotto

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