09/08/2017

Vanderlei Rogério Weiand, o “Peixe”

O “peixe” das quadras e dos gramados

Gente do esporte
O “peixe” das quadras e dos gramados
Vanderlei Rogério Weiand, o “Peixe”, fala da sua experiência com o mundo das bolas de futsal e futebol e dos sapatos, mas não necessariamente as chuteiras
Peixe combina com água. Se for um apelido para um ser humano, nada mais próprio do que designar alguém que trabalha nesse meio. Um desportista? Um bom nadador. Mas não nesse caso. Vanderlei Rogério Weiand, ou mais conhecido por “Peixe”, tem intimidade mesmo é com outros campos de atuação: as quadras de futsal, os gramados de futebol e o escritório de sua empresa. Aos 38 anos, Peixe já não atua mais pelas equipes profissionais de futsal, mas não abandona as partidas com bola. E ainda encontra tempo para uma e outra corrida no fim das tardes. “Para não deixar de manter a forma”, garante, pouco depois de jogar mais uma partida e antes de sentar-se à mesa para outra etapa de uma deliciosa rotina: um almoço entre amigos que fez com o esporte.
Peixe é natural de Três Passos. Veio ainda garoto para o Vale do Taquari, mais precisamente para Teutônia, onde mora até hoje. “A própria situação econômica exigiu de minha família buscar melhores condições, e tínhamos parentes morando aqui na região”, explica. Casado com Karine Lerner, é pai de Caio Lerner Weiand, hoje com apenas 6 meses. O contato com o esporte é desde os tempos de guri. “Muitas vezes, era meu único lazer. Sempre gostei de jogar futebol, como ocorria com a maioria dos garotos de minha geração. Vai jogando, conhecendo pessoas, se envolvendo, participando de times com amigos, e, quando vi, estava muito ligado a esse meio”, conta. Não esconde que tanto as quadras quanto os gramados o ajudaram economicamente, mas não de forma constante e principal. “Em alguns momentos, sim, não nego, me ajudaram, mas meu foco para a questão financeira sempre foi o meu trabalho profissional, no qual me especializei, e isso sempre ‘pagou’ minha vida. Claro que, em certos momentos, o esporte foi um bom complemento, mas foi sempre uma segunda opção, pois sempre priorizei meu trabalho.” Destaca que o bom desempenho com os pés é apenas uma coincidência com sua profissão. “Faço a projeção de calçados, sou modelista, tenho uma marca de calçados em parceria com meu irmão, que é a Weiand Calçados, em Teutônia, e presto serviços nessa área.”
Futsal
No futsal, defendeu as cores da Alaf de Lajeado e ASTF de Teutônia. Foi com o time de sua cidade a maior ligação. “Foram seis temporadas com a ASTF, desde a sua fundação.” Peixe largou as quadras profissionais em 2013. “Era o momento. Por uma questão física e também pelo tempo que eu tinha na época para isso, para treinar e conciliar com meu trabalho, que estava ficando menor. Hoje, jogo só as partidas amadoras, com amigos, por campeonatos locais, como o Cafusal, e em outros municípios e regiões, como ocorreu na Serra Gaúcha, por quatro temporadas com o futebol amador.” Para Peixe, o momento do futsal gaúcho já foi melhor, até mesmo na questão visibilidade. “Acho que o futsal caiu muito mesmo no Rio Grande do Sul. Acompanho algumas competições fora e, se tu fores analisar ou comparar com as equipes de Santa Catarina, Paraná, por exemplo, acho que o futsal gaúcho perdeu muito crédito. Acredito que a maior dificuldade é a credibilidade, sem contar que não se encontra uma fórmula de disputa que seja atrativa para o torcedor, para o jogador e para o clube manter uma equipe. Perde o nosso futsal hoje por tudo isso e por outras coisas.”
Futebol amador
Os sábados e domingos ainda são dedicados, atualmente, aos gramados. Com amigos do AC Banguzinho, disputa a Primeira Divisão do minifutebol do Clube Tiro e Caça. Até dias atrás, estava defendendo as cores do Ouro Verde, de Teutônia, no Regional Certel da Aslivata. Pelos amadores da região, são mais de 22 temporadas, mais de 30 clubes nos municipais e regionais. Só em Teutônia, mais de dez camisetas defendidas. “É difícil de calcular. Se me perguntar quantos campeonatos eu ganhei, já fica complicado. Precisaria ver as medalhas. Imagine saber quantos times defendi?”, diz, sorrindo. Para ele, o futebol amador também passa por um momento de transição. “Vivi bons momentos no amador, vi jogos de altíssimo nível por esses gramados, muitas vezes melhor do que nos gramados profissionais, mas vejo que passa por uma transição, em que há certo desinteresse por parte do torcedor, jogador. A própria situação econômica é que enfraquece todo o sistema, o alto custo, a questão financeira como um todo”, avalia. E completa: “Hoje, é muito caro para um clube participar de um campeonato amador, tirar recursos de seu próprio cofre. Se a gente for analisar o amador hoje, só o que custa pagar uma arbitragem é muito caro para um clube, principalmente do interior. Prejudica formas e meios de se montar uma boa estrutura, uma boa equipe, isso que, muitas vezes, o que só se dá é uma ajuda de custo para um jogador, como para os mais novos, a fim de pegar sua moto ou uma carona, enfim, para andar alguns quilômetros e vir até o clube jogar. Mas isso já faz com que muito guri desista disso tudo”.
Futuro
Quanto ao passado, Peixe diz que não se arrepende de ter tentando algo mais com o futebol, quem sabe por gramados profissionais. “Na época de guri até se sonhava, como a maioria, mas a própria situação econômica me exigia coisas mais reais, concretas.” No presente, pensa em seguir batendo uma bola com os amigos. “Jogar futsal ou futebol é muito mais do que uma questão de competir, ganhar. Gosto de jogar, de assistir, de me envolver. Tem o pós-jogo, o bate-papo com os amigos. O esporte, quando bem aproveitado, traz saúde, amigos, boas experiências, onde tu também aprendes muito, e eu levo essa ideia comigo. Principalmente na época de guri foi o esporte, o futebol, que me fizeram conhecer pessoas que me marcaram e me ajudaram, me indicando qual deveria ser o caminho a seguir, por mais que sempre tenha aquele que tente te colocar para baixo. Mas, de forma geral, me fez muito bem.” Nem por isso tudo, no futuro, pretende fazer do futsal e do futebol algo obrigatório para o filho, nem exigir dele a mesma ligação que ele teve com o mundo das quadras e gramados. “É preciso ser algo natural. Vou deixar a critério dele. Se ele quiser, não vou me opor. É legal ver seu filho jogando bola, enfim, praticando qualquer esporte, mas se a opção for outra, tudo bem, apesar de saber o quanto foi e ainda é muito bom para mim.”
Fonte texto: Rodrigo Angeli

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