10/08/2017

Pingo Marder

Irreverente, extrovertido, polêmico, mas com faro de gol

Pingo Marder
Irreverente, extrovertido, polêmico, mas com faro de gol, Valmor Marder, o “Pingo”, relembra com alegria os momentos em que brilhou vestindo a camisa de diversos clubes amadores e também servindo ao Clube Esportivo Lajeadense e ao Esporte Clube Encantado, no futebol profissional
Arroio do Meio - Basta chegar à Pérola do Vale e iniciar um bate-papo sobre futebol com alguns amigos e perguntar sobre Pingo Marder que a expressão é unânime: “Este conhecia!”. Marder nasceu no dia 27 de junho de 1952. Quando criança, já nutria um carinho especial pela “gorduchinha”. Os anos foram passando e, em sua carreira, conquistou 14 títulos. Atualmente, Marder é proprietário da empresa Redram Brindes, onde divide seu tempo no dia a dia com outra paixão, que é o The Horse, sempre disposto a promover o bem social e também passar horas agradáveis com os demais associados dessa entidade.
História
Com 15 anos de idade, Pingo foi convidado a integrar o elenco principal do Sete de Setembro de São Caetano. A equipe fez uma grande competição e chegou à final diante do Palmense, no Municipal de Arroio do Meio. “Tinha muita admiração pelos jogadores Paulão, Neudo, Roque, Sérgio, Curinga e Adão Jachetti, e, naquele momento, me via no mesmo vestiário compartilhando da emoção de chegar pela primeira vez a uma final”, relembra com saudosismo o desportista. O Sete conquistou o título com gols de Neudo e Paulão. Pingo aponta essa conquista como a mais importante de sua vida, pois era o início de sua carreira. “Lembro das pessoas apoiadas nos parapeitos de madeira gritando e apoiando nosso time. Uma energia sem igual”, analisa com sorriso no rosto.
Sua permanência no Sete de Setembro de São Caetano durou sete anos. Na época, Pingo escutou na rádio que o Esporte Clube Encantado estava em busca de um centroavante, para tentar escapar do rebaixamento, no final de 1974. Ele pegou a bolsa com as chuteiras, embarcou no Expresso Azul e saiu em busca de uma nova etapa em sua vida. Chegando a Encantado, foi recebido pelo treinador Marcos Garcia, na época funcionário do Banco do Brasil. A maioria dos jogadores era desconhecida, mas todos ansiosos para tentar reverter o iminente rebaixamento. Foram realizados dois coletivos: um na terça e outro na quinta-feira. Na sexta, os dirigentes foram até sua residência, em Arroio do Meio, para que Pingo assinasse seu primeiro contrato profissional. Na época, os clubes levavam a ficha até a federação e já retornavam com a situação do jogador regularizada, o que proporcionou a Marder fazer sua estreia dois dias depois de assinar com o Encantado.
A estreia ocorreu diante do Aimoré de São Leopoldo. Pingo entrou na segunda etapa, quando o adversário já vencia pelo placar de 1 a 0. “Eu e meus companheiros de time lutamos muito para tentar reverter o escore negativo, mas o time da casa conseguiu segurar a vantagem, o que acabou levando o Encantado para o descenso”, lembra com amargura.
No início da temporada seguinte, Marder se reapresentou ao Encantado. No entanto, sua permanência no clube foi por um breve período, pois o clube pagava os seus atletas com vales em vez de salário.
No mesmo ano, Marder optou por retornar ao futebol amador, momento que vestiu a camisa do Brasil de Marques de Souza. Sua permanência no Brasil durou três anos, quando conseguiu se destacar nas competições de que o clube participava.
Em 1978, após um breve período de inatividade, o Clube Esportivo Lajeadense reabriu suas portas e foi em busca dos jogadores-destaque no futebol amador para compor seu plantel. Juarez Lau foi designado diretor de Futebol, e José Carlos Chaves, o “Chaveco”, o treinador. No grupo de atletas, a presença de Valmor Marder, então com 25 anos de idade.
Cerca de cem jogadores, do futebol amador, passaram por testes. Apenas 20 conseguiram seguir no recomeço do Alviazul. Os treinos ocorriam entre as 17h e as 21h, pois todos os jogadores trabalhavam em alguma empresa de Lajeado ou de cidades vizinhas. Nessa época, Pingo Marder era funcionário da empresa J.A. Spohr. Como a direção dessa organização não liberava os funcionários em horário de serviço para os treinamentos, Pingo optou por ir trabalhar no Marquardt Scherer, que, na época, abriu a Scherer Pneus. “Era vendedor de consoles, toca-fitas e pneus em horário comercial e, no final do expediente, jogador do Lajeadense”, lembra Marder.
No final de 1978, o Lajeadense teve um jogo memorável diante do Internacional de Porto Alegre, na despedida de Paulo Roberto Falcão, do clube da capital do Estado. O Alviazul venceu com um gol de Mauro, para o delírio dos torcedores que lotaram o Estádio Florestal. “Gostaria que fossem citadas as pessoas do Tato, Japão e o massagista Silveira, que me receberam com muito carinho em Lajeado.”
Um ano depois, Pingo foi atuar no Arroio da Seca, onde tinha como companheiros de time, Gerevini, Armando, Nego Miguel, Ademir, Gerson Ely e Nego Pinguinho. Na sequência, o treinador Rubem Closs, do Gaúcho de Teutônia, fez uma proposta para Pingo atuar nesse município, e esta foi aceita. Pingo lembra que Closs costumava incentivar seus jogadores com a seguinte frase: “Meu, teu e o nosso Gaúcho”. Foram três temporadas, mas em duas, o time do Gaúcho ficou com o vice-campeonato.
Em 1983, Pingo Marder se reencontrou com suas origens no meio esportivo, quando voltou a vestir a camisa do Sete de Setembro de São Caetano. Foram novas emoções e muitas alegrias.
A busca por novos desafios seguiu com as equipes do Americano, na época presidido por Erno Dexheimer; Palmense, Rui Barbosa, Linha Perau (atual Bragantino), Esperança de Fazenda Lohmann (clube que mais fez gols) e Forquetense.
Aos 37 anos, em 1986, Valmor Marder, o “Pingo”, conquistou o último título em sua carreira, momento em que vestia a camisa do Linha Perau, tendo como treinador Nestor Scheibe. A conquista do Regional da Liga fez com que Scheibe apostasse na mesma equipe para representar o Sete de São Caetano, no Regional Aslivata, na época presidido por Marcolino Musa. A equipe chegou até a final, perdendo o título para o Gaúcho de Teutônia, segundo Pingo, situação “originada por problemas de arbitragem”.
Um ano depois, aos 41 anos, Pingo vestiu a camisa do Rui Barbosa, momento em que conquistou o título de campeão municipal de Arroio do Meio diante do Arroio Grande, com Nestor Scheibe como treinador. O jogo foi dramático, com igualdade no marcador no tempo normal e na prorrogação. A confirmação do título se deu nas cobranças de penalidades máximas. O time era formado por Eloi, Airton Bruxel, Ricardo, Elias, Nildo, Jaime, Falcão, Airton Gräff, Eduardo Führ, Pingo e Castelo.
Paralelamente ao gosto pelos gramados, Pingo sempre nutriu uma paixão pelas quadras de futsal. Nelas, as melhores lembranças foram nas disputas dos campeonatos da praça em Arroio do Meio.
Marder se diz um cara de sorte e muito agradecido aos dirigentes e torcedores dos vários clubes dos quais vestiu a camisa. Sobre o fato de ser apontado como um jogador polêmico, ele desconversa dizendo: “Sempre entrei na disputa das competições para vencer. Talvez por isso era considerado polêmico”. Com relação ao gol mais bonito em sua carreira, ele é taxativo: “Todos foram bonitos, pois levaram alegria aos torcedores”.
Antes de terminar a entrevista, Pingo conduz a reportagem até uma sala para mostrar seu cantinho de recordações. Uma delas, a que mais o enche de orgulho. “Recebi a chuteira de ouro em reconhecimento à minha trajetória no meio esportivo. Agradeço do fundo do meu coração”, finaliza o bonachão desportista.

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site.