11/08/2017

Lisandre Berwig, a “Neki”

Campeã mundial de padel agora prepara novos talentos

Campeã mundial de padel agora prepara novos talentos
Lisandre Berwig, a “Neki”, é a melhor jogadora da história do Brasil. Atualmente, ela treina a dupla número 3 do mundo
O esporte como profissão. De férias em Lajeado, a número 1 no padel, por cinco anos, e melhor jogadora da história do Brasil, Lisandre Berwig, a “Neki”, 48 anos, fala sobre a sua carreira como ex-atleta - e, agora, treinadora -, sobre as dificuldades enfrentadas ao sair de casa para conhecer um novo mundo e também sobre a sua bagagem, marcada, principalmente, pelas suas atuações no tênis e, depois, no padel, em que descobriu a sua verdadeira paixão.
Formada em Educação Física pela Ufrgs, Neki é ex-jogadora profissional de padel (Espanha), coach pessoal e esportivo, atual treinadora da dupla número 3 do mundo e também treinadora de jogadoras amadoras da primeira até a quarta categoria. Natural de Lajeado, hoje, ela vive em Madrid, na Espanha, com o seu cachorro Pancho, mas, uma vez por ano, faz questão de visitar a família e aproveitar para rever os amigos. “Geralmente fico um mês em Lajeado.” Nesse período de descanso do padel, Neki fica na casa da irmã Neca e sempre está em contato com o irmão Neco e a cunhada. “Combino chimarrão ou tererê com meus amigos, fazemos jantas e passeio todos os dias com os cachorros da minha irmã. Leio, navego na internet e faço musculação.”
Para o futuro, Neki deseja permanecer inserida no esporte. “Quero seguir fazendo o meu trabalho. Aproveito o padel para que as pessoas possam se conhecer mais, pois trabalho a parte técnica, tática, emocional e mental.” A treinadora também pretende dedicar um tempo para os professores que querem dar aula de padel, mas sem nunca descuidar de si. “Meu grande objetivo é aproveitar minha vida para me conhecer, amadurecer e ter lucidez.”
Como tudo começou
Neki diz que o esporte sempre fez parte da sua vida. “Na verdade, desde que me conheço por gente.” A lajeadense lembra das partidas de futebol, voleibol, taco, entre outras brincadeiras presentes em sua infância. “Sempre adorei praticar esportes e tive a oportunidade de poder viver numa época em que a gente podia sair com segurança e brincar na rua.”
Já no colégio, ela foi incentivada pelo seu professor de voleibol a experimentar algumas aulas de tênis, mas, antes disso, participou de uma escola de patinação, foi para a natação e também para o atletismo. “Foi no tênis que comecei a competir em níveis estadual e brasileiro. Tive a oportunidade de começar a jogar no exterior, mas decidi não competir mais.”
Neki diz que, agora, vendo o contexto do lado de fora, emocionalmente não teve a estrutura suficiente para enfrentar a competição. “Na época, meu treinador trabalhava apenas a parte técnica. Nada de tático, estratégia, muito menos a parte emocional e mental. Aquela menina sozinha não conseguiu aguentar a pressão.”
No tênis, Neki foi, durante quatro anos, a primeira jogadora do Rio Grande do Sul em sua categoria; ocupou a 7ª colocação no ranking brasileiro; formou parte da equipe de atletas da Sogipa de Porto Alegre, pela qual foi eleita Atleta Laureada; e, pela Federação Gaúcha de Tênis, foi promovida à primeira classe por ranking e nível técnico. “Quando deixei de competir, comecei a dar aulas de tênis no Clube Tiro e Caça.”
A lajeadense diz que seus grandes incentivadores sempre foram os pais e a família. Na época em que praticou tênis, também teve o apoio do diretor do CTC, Darci Giovanella, Enrique Wiehe, Juarez Enger e Paulo Bisogno. “Tive una escola de tênis durante muitos anos, onde dei aulas para muitas pessoas da cidade, até que fui estudar Educação Física em Porto Alegre.” Nesse período, Neki trabalhou na Academia Porto Alegre Tennis Center e também foi coordenadora da equipe de tênis da Sogipa.
Do tênis para o padel
Neki conheceu o padel quando tinha 27 anos. “Quem me apresentou foi a minha professora de tênis da Ufrgs, Elizabeth D’Andrea, minha primeira parceira no esporte.” A treinadora explica que por incentivo de Elizabeth, decidiu escrever o livro Nuestra Visión del Padel, com Iciar Montes. “Ela me aconselhou a colocar no papel a teoria que falava aos alunos. Muito obrigada, Beth!”
Em 1995, a lajeadense começou a jogar padel. “Como no tênis não me sentia bem, resolvi provar outro esporte que se joga com raquete, já que tinha uma boa base.” Foi campeã brasileira nos anos em que jogou no Brasil (1996 a 2000), foi a melhor jogadora da história do Brasil até o momento, dupla número 1 do Brasil quando representou o Brasil nos mundiais da Espanha e de Toulouse, que foram os mundiais em que fez parte da Seleção Brasileira e representou o Brasil.
Também foi campeã do mundo junto com Iciar Montes, em 2002, no México; dupla número 1 do mundo durante cinco anos; única jogadora não argentina, nem espanhola que ganhou o título de campeã mundial. Neki começou a jogar padel na Espanha no final de 2000. Em 2001, foi a dupla número 2 do circuito mundial com Araceli Montero (espanhola).
Já no ano de 2002, foi a dupla número 1 do mundo ao lado de Iciar Montes. Nos anos de 2003 e 2004, não jogou o circuito profissional. Voltou a atuar em 2005, 2006, 2007, 2008, quando foi, mais uma vez, a dupla número 1 do mundo com Iciar. “Fomos invictas por mais de 170 jogos.”
Quando se aposentou como atleta, no final de 2008, Neki fez um curso de Coaching Pessoal, curso Practitioner e master em Programación Neurolinguistica, no Instituto Potencial Humano, em Madrid. “Também fiz, no ano de 2010, o curso Coaching Esportivo Comité Olímpico Espanhol.”
Dedicação trouxe resultados
Sempre muito focada, Neki diz que, como treinadora, faz o trabalho técnico e também utiliza o coaching e sua experiência como jogadora para trabalhar a parte mental e emocional das atletas.
De segunda a sexta-feira, realiza as sessões de treino com as jogadoras profissionais, mas também dá aula para pessoas que desejam aprender e gostam do padel. Nos fins de semana, quando tem torneio World Padel Tour, ela acompanha suas atletas. “A minha parte física trabalho por meio da musculação. A minha dieta, desde pequena, sempre foi bastante natural, como frutas, ovos, verduras e legumes. A carne vermelha procuro evitar.”
Neki explica que a prática de padel foi um momento de superação pessoal. “Não estava preocupada se seria campeã ou não. Só queria superar meus antigos medos, limites e dar o melhor de mim em cada bola que eu batia, em cada jogo que jogava e, principalmente, aproveitar a oportunidade que a vida estava me oferecendo.”
A ex-atleta diz que a sensação de ter sido a número 1 do mundo durante cinco anos foi uma vitória pessoal. “Fui perseverante, determinada, decidida, corajosa e muito trabalhadora.” Neki diz que sempre gostou de treinar e de fazer exercícios em alta intensidade. “O meu maior desafio era vencer a minha parte emocional e mental. E consegui.”
Currículo como treinadora
¬ Treinadora da atual dupla número 3 do mundo, Patricia Llaguno e Elisabeth Amatriain. Elisabeth é aluna desde o ano de 2009;
¬ Treinadora da dupla 2 do mundo, em 2011, Iciar Montes e Patricia Llaguno;
¬ Treinadora da dupla número 2 do mundo, em 2012, Iciar Montes e Catalina Tenorio;
¬ Treinadora de Patricia Llaguno e Elisabeth Amatriain dupla número 3 do mundo 2012, 2013, 2014 (chegaram a ser a dupla número 1 do ranking), 2015 (ganharam o Mundial por dupla em Mallorca/Espanha);
¬ Treinadora da equipe de Primeira Categoria Clube Chamartin (Madrid) durante oito anos;
¬ Técnica de La Federação Espanhola de Padel desde 2015, onde segue exercendo essa função, onde trabalha na formação de futuros professores de padel;
¬ Diretora e fundadora da Liga Amadora de Padel Feminino Terceira Categoria - uma liga de padel sem fins lucrativos;
¬ Treinadora de jogadores que participam do Circuito Infantil Espanhol;
¬ Treinadora de jogadoras que participam da Primeira Categoria do Circuito Espanhol e das etapas preliminares do Circuito World Padel Tour;
¬ Treinadora do grupo de 30 alunos amantes do padel desde 2004, em Madrid;
¬ Conferencista no Simpósio Internacional de Padel em 2013, 2014 e 2015 na Espanha;
¬ Atualmente, ministra treinos na Sanset Padel, em San Sebastián de los Reyes - Madrid, que é a maior academia de padel coberta do mundo. Possui 30 quadras, e todas com paredes de vidro.
Fonte texto: Carolina Gasparotto

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