11/08/2017

Sociedade União Carneiros

Clube lajeadense do Bairro Carneiros comemora história, bom momento esportivo e crescimento como instituição social

Pelos gramados do Vale
A união faz a União de Carneiros
Clube lajeadense do Bairro Carneiros comemora história, bom momento esportivo e crescimento como instituição social
Da compra do primeiro jogo de camisetas, redes e bola, de forma “fiada”, há mais de 40 anos, à atual construção do novo quiosque social; da inauguração do primeiro campo até as conquistas dos primeiros títulos municipal e regional, tudo é motivo de orgulho para pessoas que vivem e fazem a história da Sociedade União de Carneiros, pessoas como o novo presidente, Airton Becker, e um dos fundadores do clube, Valmor Gerhardt. São amigos que, de uma forma ou de outra ressaltam enfatizam aquele que é um dos segredos de o clube seguir seu caminho de crescimento e caminho de vitórias: a união. Os três elos do brasão do clube de Lajeado dão um bom sinal disso.
No mês de janeiro, tomou posse a nova diretoria do clube, tendo à frente Airton Becker (49), empresário do ramo de materiais de construção. “Beckinha”, como é mais conhecido, gosta de dizer que praticamente cresceu dentro do União. Lembra quando, ainda guri, grudado na cerca do atual campo, dizia que um dia iria jogar bola com aqueles que já corriam com o uniforme amarelo e preto, inspirado no Penharol, a equipe da moda nos anos 1970. “Isso foi quando patrolaram o atual campo. Era um desejo e um sonho do menino aqui conseguir um furo já no ‘segundinho’. Mas conheci parte da história antiga também, linda. Ainda lá do outro lado e quando Carneiros era praticamente interior ainda”, relembra. “Desde aquela época, a admiração pelo clube, pela região, e as amizades feitas ali e que se estendiam por outros momentos só cresceram. Amizades que, assim como as minhas feitas no União e pelo União, outros também fizeram e cultivam até hoje.” Para o novo presidente, está aí um dos grandes diferenciais do clube. “A união das pessoas, dos grupos que ao longo da história trabalharam, trabalham e um dia ainda o farão em prol do dele e de quem ali convive. Seu Gerhardt destaca: “O nome do clube veio porque éramos uma turma de jovens muito unida”.
No crediário
Da história antiga, e que serve de orgulho para os integrantes até hoje, uma das mais conhecidas é a que envolve o primeiro fardamento do clube. História vivida e protagonizada por Valmor Gerhardt (66). O hoje aposentado contabilista dá risadas e chega a se emocionar. “Não sei como conseguimos. Juntamos a nossa turma e fomos lá, na loja Calçados Heemann Ltda. E não é que conseguimos! Saímos da loja com uniforme, bola, redes, tudo no crediário. Acho que tínhamos crédito ou pinta de bons jogadores”, afirma a figura histórica. O atual presidente exclama: “Incrível, de um fardamento comprado fiado para essa estrutura que temos hoje, de um clube representativo, de imagem carinhosa, benquisto e vencedor. É algo sensacional de se imaginar”. Gerhardt explica: “Construímos isso tudo de tijolo em tijolo, com muitas conquistas esportivas, sociais, na base de muito esforço e amizades. Dá muito orgulho fazer parte disso ”.
O alicerce do clube está no Departamento de Futebol, na equipe de veteranos, que se confunde com a história do clube, pois atua há cerca de 35 anos, e também no Departamento de Bocha, que nos dois últimos anos, voltou com força total, reunindo diversos associados.
Crescimento e futuro
“Pelo tamanho que tomou já é complicado mantê-lo. É algo que exige cada vez mais da gente”, diz o atual presidente. “A questão é que é um clube amador, de uma comunidade. Não tem fins lucrativos, não tem renda. Então, entra aquela questão: quem vai trabalhar por ele? Quem vai sustentá-lo? Se doar? Tudo o que já se conseguiu para o crescimento e que se precisa para mantê-lo foi e é preciso trabalhar, pensar. É buscar promoções, eventos.” Mas, conforme o dirigente, a partir do momento em que as pessoas precisam se dedicar cada vez mais às suas famílias e profissões, estão mais ocupadas, o número de pessoas dedicadas aos clubes amadores está diminuindo, e isso é um complicador. “É o maior problema das comunidades amadoras, sejam elas esportivas ou sociais. Faltam lideranças, e a gente sente isso lá no nosso clube também. Mas, mesmo assim, no União, conseguimos manter. Quando nos propomos a fazer um evento, um baile, uma festa dos amigos, que é para ajudar o clube, muitos se doam. Não é nem preciso convocá-los. A união volta a aparecer”, garante o pai de Caetano (12) e marido de Sinara. Para Gerhardt, a sociedade sempre teve muita credibilidade na comunidade. “As pessoas colaboram porque sabem que tudo será revertido de fato para o clube, seja no lado social, seja no lado esportivo.” De acordo com ambos, há um enorme respeito pelo União como equipe, clube que valoriza a disciplina e o lado social, que é bem recebido em outras praças esportivas porque assim o faz quando recebe outras agremiações.
Investimentos
O clube dispõe, hoje, de uma sede para 400 pessoas, equipada com o que há de melhor, climatizada, com cancha de bocha e outros ambientes; com um estádio com um setor coberto e capacidade total para até duas mil pessoas sentadas. “E estamos sempre buscando evoluir”, garante o novo mandatário. “Exemplo é a construção de nosso quiosque, com mais de 160 metros quadrados, que vai proporcionar um novo e alternativo espaço para festas de família, aniversários ou mesmo durante e após os jogos, também com o que há de melhor, climatizado, para os dias mais quentes, e lareira para os dias mais frios. Investimento que devem chegar aos R$ 100 mil.” O fundador exclama emocionado: “E lembro a dificuldade que foi fazer o primeiro campo, conseguir o primeiro uniforme. Tenho até hoje a ata de fundação”.
Os desafios do futebol amador
Um dos ápices da história do clube lajeadense ocorreu ao final da temporada 2014, quando a agremiação era presidida por Márcio Gerhardt. Na ocasião, o time ficou campeão regional do torneio organizado pela Associação de Ligas do Vale do Taquari (Aslivata), tanto na categoria titulares, quando bateu, na final, o Cruzeiro de Anta Gorda, quanto na aspirantes, com o bicampeonato, algo inédito na história. O time já havia sido campeão da principal competição de futebol amador da região em 2007, em ambos os títulos, comandado pelo técnico Sírio Pereira. Em campo, nomes como Maravilha e Kininho. Seu Gerhardt, contudo, gosta de destacar, também, o Municipal de Lajeado de 1982, quando o clube conquistou seu primeiro título, sob a presidência de Valmor Gerhardt; também a Copa Centenário de Lajeado, com Almiro dos Santos na presidência [“outra só de cem em cem anos”]; e a Copa Guido Luís Gerhardt, com Luís Carlos Brenner à frente do clube: “Meu irmão marcou muito na história pelo desempenho no clube”, lembra Valmor, com saudosismo.
Para Airton Becker, são muitas as dificuldades em campo para manter, montar uma equipe para a disputa de um campeonato como o Regional da Aslivata. “Temos, com certeza, e posso dizer pelo que acompanho em outras regiões, um campeonato de excelente nível. Isso exige mais dos clubes”, diz.
“Temos bons campeonatos, em que clubes e torcidas talvez ainda pequem justamente em questões amadoras, mas em nível de amador é o que temos de melhor”, detalha. “O problema é, no atual contexto do futebol amador e econômico, os clubes conseguirem participar.”
Segundo Beckinha, uma maior premiação, maior aporte de patrocinadores, melhor divulgação do Regional por parte da Liga ajudariam. “O clube, sendo amador e local, é difícil se vender em nível regional, mas para a Liga fazer isso com um campeonato que é regional, com meia centena de clubes, milhares de atletas e torcedores, nem tanto. Tornar esse produto, que é bom, tem potencial, mais interessante ainda é o caminho. A associação coletiva sempre consegue mais do que individualmente. É o caso da união do União”, ensina.
Nome: Sociedade União de Carneiros
Cidade: Lajeado/RS
Endereço: Rua Antônio de Souza, 1.160 - Bairro Carneiros
Fundação: 25/1/1974
Estádio União de Carneiros
Cores: amarelo e preto
Títulos
1982 - Campeão municipal
1991 - Campeão municipal - Copa Centenário de Lajeado
2002 - Campeão municipal
2004 - Campeão municipal
2007 - Campeão municipal
2007 - Campeão regional Certel Aslivata
2008 - Campeão municipal
2009 - Campeão municipal
2010 - Campeão municipal
2013 - Campeão municipal
2014 - Campeão regional Certel/Sicredi Aslivata
Atual diretoria
Presidente: Airton Becker
Vice: Luís Brenner
Primeiro-tesoureiro: Paulo Rosembach
Segundo-tesoureiro: Jorge Diehl
Galeria de presidentes
Danilo Lauro Gerhardt - 25/1/1974 a 27/1/1976
Danilo Lauro Gerhardt - 27/1/1976 a 27/2/1978
Otto Lenhardt - 27/2/1978 a 19/8/1980
Valmor Gerhardt - 19/9/1980 a 13/1/1983
Edo Telmo Schwingel - 13/1/1983 a 28/6/1985
Valmor Gerhardt - 28/6/1985 a 26/6/1986
Almiro dos Santos - 26/6/1986 a 24/7/1987
Almiro dos Santos - 24/7/1987 a 4/8/1989
Almiro dos Santos - 4/8/1989 a 16/8/1991
Almiro dos Santos - 16/8/1991 a 12/11/1991
Almiro dos Santos - 12/11/1991 a 20/10/1993
Benno Diehl - 20/10/1993 a 27/10/1994
Benno Diehl - 27/10/1994 a 22/11/1995
Márcio José Gerhardt - 22/11/1995 a 12/11/1997
Almiro dos Santos - 12/11/11997 a 18/12/1998
Guido Luís Gerhardt - 18/12/1998 a 16/12/1999
Guido Luís Gerhardt - 16/12/1999 a 14/12/2001
Guido Luís Gerhardt - 14/12/2001 a 27/02/2004
Guido Luís Gerhardt - 27/02/2004 a 7/3/2006
Márcio José Gerhardt - 7/3/2006 a 3/4/2009
Luis Carlos Brenner - 3/4/2009 a 22/8/2014
Márcio José Gerhardt - 22/8/2014 a 11/1/2017
Airton Becker - 11/1/2017
Diretoria na fundação
Presidente: Danilo Lauro Gerhardt
Vice-presidente: Milton Luís Gerhardt
Primeiro-secretário: Valmor Gerhardt
Segundo-secretário: Egon Diedrich
Primeiro-tesoureiro: Avelino Junges
Segundo-tesoureiro: Heitor Becker
Além dos integrantes da diretoria da fundação, participaram da criação da Sociedade União de Carneiros as seguintes pessoas: Guido Gerhardt, Márcio Gerhardt, Décio Rodrigues, Otto Lenhardt, Ottmar Becker, José Valdemar Lenhardt, João A. Kreutz, Edo Schwingel, Erni Stacke, João Rodrigues, Inácio Rodrigues e Nestor Becker.
Fonte texto: Rodrigo Angeli

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